Seguir o rasto da vegetação permitiu aos cientistas descortinar a evolução das temperaturas ao longo dos anos

Conny Sandland / Flickr

Investigador da Universidade de Washington desenvolveu um modelo climático para perceber como é que as temperaturas evoluíram desde há dezenas de milhares de anos.

A maioria das investigações sobre a evolução das temperaturas nas últimas décadas centraram em encontrar soluções para travar a subida dos valores, à luz do contexto das alterações climáticas. Ainda assim, os cientistas continuam focados em encontrar respostas para a evolução deste indicador, mas desde há milhares de anos.

De facto, estes têm seguido o rasto do pólen para determinar de que forma as vidas passadas das plantas contam a história das temperaturas globais. Segundo um novo estudo, as temperaturas mais quentes trouxeram as plantas, uma etapa a que se seguiu mais uma subida das temperaturas. Esta é conclusão feita a partir da simulação feita por Alexander Thompson, cientista da da Universidade de Washington, em St. Louis. que se baseou num novo modelo climático importante que reflete o papel das mudanças de vegetação enquanto fator influenciador das temperaturas globais ao longo dos últimos 10 mil anos.

Este é um assunto que há muitos anos inquietava o investigador, que duvidava das simulações que indicavam uma subida consistente das temperaturas ao longo dos últimos anos.

No entanto, os registos dos investigadores climáticos contam uma história diferente. Muitas destas fontes indicam um pico acentuado das temperaturas globais ocorrido num intercalo de  6.000 e 9.000 anos atrás. Alexander Thompson suspeitava de que os modelos poderiam estar a ignorar o papel das alterações na vegetação a favor dos impactos das concentrações atmosféricas de dióxido de carbono ou da cobertura de gelo, por exemplo.

“Os registos do pólen sugerem uma grande expansão da vegetação durante esse período de tempo”, explicou o investigador. “Mas os modelos anteriores só mostravam uma quantidade limitada de crescimento da vegetação“, continuou. “Por isso, apesar de algumas das outras simulações incluírem vegetação dinâmica, não constituíam uma variação da vegetação suficientemente significativa para rebater o que os registos de polén sugeriam.”

Na realidade, as mudanças na cobertura vegetativa foram significativas. Alexander Thompson recolheu evidências dos registos de pólén e estruturou um conjunto de experiencias com um modelo climático ao qual chamou de Community Earth System Model (CESM), um dos mais conceituados.  Foi também utilizado para o investigador perceber uma série de alterações na vegetação que anteriormente não haviam sido consideradas.

“A vegetação que se expandiu durante o Holocénico aqueceu o globo num máximo de 1,5 graus Fahrenheit“, explicou o autor da investigação. “As nossas novas simulações alinham de perto com os proxies paleoclimáticos. Portanto, isto é animador para podermos apontar a vegetação do Hemisfério Norte como um fator potencial que nos permite resolver o controverso enigma da temperatura do Holocénico”.

Compreender a escala e o timing da mudança de temperatura ao longo do Holocénico é importante por este se tratar de um período da história recente, do ponto de vista geológico. A ascensão da agricultura humana e da civilização ocorreu durante este período, pelo que muitos cientistas e historiadores de diferentes disciplinas estão interessados em compreender como o clima do início e meados do Holocénico diferia dos dias de hoje.

ZAP //

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