Na tentativa de desvendar os segredos de uma vida mais longa, uma equipa de investigadores voltou a sua atenção para uma fonte improvável: as amêijoas.
Enquanto as tartarugas gigantes e as baleias têm uma duração de vida impressionante, são as humildes amêijoas que estão a cativar os cientistas devido à sua longevidade variável, que vai de um a mais de 500 anos, dependendo da espécie.
O estudo, publicado na revista Genome Biology and Evolution, esclarece os fatores genéticos que influenciam a notável duração de vida de certos moluscos. A equipa analisou os genomas de quatro espécies: Arctica islandica, Margaritifera margaritifera, Elliptio complanata e Lampsilis siliquoidea. Estas espécies apresentam uma esperança de vida que varia entre 150 e 507 anos.
Comparando com 29 outras espécies de duração de vida variável, os investigadores identificaram genes específicos associados à longevidade prolongada. Muitos destes genes estavam anteriormente associados à longevidade noutras espécies, o que sugere a existência de fatores genéticos comuns a diferentes organismos.
O estudo destacou genes relacionados com a resposta a danos no ADN, a regulação da morte celular, as vias apoptóticas, as respostas celulares a estímulos abióticos e a tolerância à hipóxia. Estas características têm sido associadas a uma maior longevidade.
“Um prolongamento do tempo de vida pode envolver fatores genéticos comuns em espécies muito distantemente relacionadas”, sublinhou Mariangela Iannello, coautora do estudo, citada pela IFLScience.
O estudo também revelou um conjunto de proteínas que não se sabia anteriormente que regulavam a longevidade.
Embora os investigadores reconheçam a complexidade da longevidade, mostram-se entusiasmados com as potenciais implicações das suas descobertas.