Simulações de supercomputadores ofereceram uma nova explicação para a geologia subjacente às imagens sísmicas recentes dos corpos de magma do Parque Yellowstone, nos Estados Unidos.
O supervulcão de Yellowstone é o mais bonito barril de pólvora do planeta, uma caldeira gigantesca tão grande que é observável a partir da órbita terrestre baixa.
Através de simulações de supercomputadores os cientistas analisaram o comportamento de duas câmaras de magma ocultas debaixo da superfície do Yellowstone e identificaram uma zona de transição onde os corpos de magma se encontram.
A zona de transição é o lugar onde as rochas frias e rígidas da crosta superior dão lugar a rochas quentes, dúcteis e até parcialmente fundidas, de acordo com o estudo publicado na Geophysical Research Letters.
É nesta zona que é criada uma laje de rocha solidificada que pode ser o que alimenta as explosões infernais do supervulcão. “Achamos que é essa estrutura que causa o vulcanismo de riolito-basalto em todo o Yellowstone, incluindo as erupções supervulcânicas”, afirma o geólogo Ilya Bindeman, da Universidade de Oregon.
Esta zona de transição aprisiona o aumento dos magmas e faz com que se acumulem e se solidifiquem num grande corpo horizontal chamado de “peitoril médio-crustal”, que pode ter até 15 quilómetros de espessura, de acordo com os modelos de computador. “Este é o berçário, um fósforo geológico e petrológico com produtos eruptivos”, descreve.
Para investigar como é que as duas câmaras de magma surgiram e tentar entender a relação de transferência de magma entre as mesmas, Bindeman e a sua equipa realizaram simulações de computador com o objetivo de traçar a evolução hipotética do Yellowstone ao longo de 7 milhões de anos.
De acordo com a investigação, o “peitoril médio-crustal” é composto por magma frio, fica entre os reservatórios mais quentes e mais viscosos – localizado a cerca de 10 quilómetros abaixo da superfície do Yellowstone – e tem entre 10 a 15 quilómetros de espessura.
O peitoril é composto por gabro solidificado, uma rocha formada a partir de magma arrefecido. Os cientistas admitem a possibilidade de este fenómeno se formar noutros supervulcões.
Embora esta investigação tenha por base simulações, os cientistas acreditam que estas descobertas podem mesmo ser o primeiro vislumbre de como o magma se distribui dentro da cratera.
As conclusões do estudo não nos dizem como ou quando o supervulcão irá entrar em erupção, mas aproximam-nos de uma maior e melhor compreensão do Yellowstone: e quando estamos a falar de um evento que poderia tornar o planeta Terra num inverno vulcânico catastrófico, esta é uma informação muito importante a reter.
ZAP // ScienceAlert