Émile Zola foi um irreverente escritor francês do final do século XIX. Morreu em 1902, durante a Terceira República Francesa, num momento da História conhecido como ‘La Belle Époque’. Mais de um século depois, a causa da sua morte continua a originar dúvidas.
Embora a causa oficial tenha sido envenenamento por monóxido de carbono, há teorias que apontam para assassinato. Na sua última década de vida, defendeu publicamente um membro do exército francês condenado por traição. Tratava-se do capitão Alfred Dreyfus, que era judeu, relatou o Grunge.
Com o passar do tempo, o julgamento de Dreyfus começou a ser posto em causa – muitos acreditavam que era inocente, incluindo o escritor, e que a sua condenação tinha motivações antissemitas.
Zola – autor da série de 20 volumes intitulada Les Rougon-Macquart e vários romances, peças de teatro, artigos e ensaios – defendeu a causa Dreyfus numa das suas obras mais conhecidas, uma carta aberta intitulada “J’accuse”, escrita ao Presidente francês da altura e publicada no L’Aurore.
O caso de Dreyfus foi reavaliado e, embora tenha sido novamente considerado culpado, o Presidente francês perdoou-o e a condenação foi anulada em 1906. Foi justamente a posição que Zola assumiu sobre o escândalo que levou alguns teóricos da conspiração a acreditar que o autor pode ter sido assassinado.
Segundo o History Today, Zola morreu envenenado por monóxido de carbono devido a um incêndio que ocorreu no seu quarto. A esposa, Alexandrine, também ficou doente mas acabou por recuperar.
A posição de Zola sobre Dreyfus atraiu críticas de alguns setores da sociedade francesa, particularmente de nacionalistas de direita. De acordo com o Los Angeles Times, chegou a receber cartas onde era ameaçado. Quando a amante soube que da sua morte, afirmou que se tratava de um assassinato, indicou o History Today.
Cerca de 50.000 pessoas compareceram ao seu funeral, incluindo altos funcionários do governo e o próprio Dreyfus. Os rumores de assassinato levaram à abertura de um inquérito e tanto a casa em que morreu como a sua esposa foram examinados.
Durante o inquérito foram ainda realizadas experiências na moradia, para testar o monóxido de carbono: a chaminé da sala foi analisada e, apesar de terem constatado que esta não tinha sido devidamente limpa, foram encontradas poucas evidências de monóxido de carbono. A cobaia deixada na sala durante a noite também sobreviveu.
No entanto, os resultados desse inquérito foram encobertos, com a causa oficial da morte a permanecer envenenamento por monóxido de carbono.
Na década de 1950, quase meio século após a sua morte, um jornal francês publicou uma confissão de um limpador de chaminés, que, no seu leito de morte, contou ter bloqueado a chaminé da lareira de Zola, causando assim o envenenamento. Este terá depois procedido ao desbloqueio da chaminé.
Atualmente, os biógrafos oficiais do escritor consideram que a história publicada no jornal é verdadeira, embora não o possam afirmar com certeza.
Em 1908, o corpo de Zola foi transferido do cemitério de Montmartre para o Panteão, ficando assim entre outras figuras conhecidas da História francesa. A ocasião atraiu manifestantes que eram contra Dreyfus e, durante a cerimónia – na qual o capitão esteve presente -, tiros foram disparados.