Se houver vida em Marte, são acidófilos

Jim Peaco, National Park Service / Wikimedia

A Grand Prismatic Spring, no Parque National de Yellowstone, EUA, é um dos locais do planeta onde apenas os extremófilos sobrevivem.

A Grand Prismatic Spring, no Parque National de Yellowstone, EUA, é um dos locais do planeta onde apenas os extremófilos sobrevivem – em particular os termófilos.

Microbiólogos da Universidade de Tomsk que estão a estudar os acidófilos, micro-organismos que têm preferência por meios ácidos e que se banham em águas de esgoto da indústria mineira, acreditam que as criaturas poderão ajudar a extrair metais do seu meio habitual e até a descobrir se há vida em Marte.

Estes extremófilos, chamados acidófilos por apresentarem crescimento óptimo num meio com pH inferior a 4, são capazes de resistir a tudo. Podem sobreviver até em ácido sulfúrico e vivem confortavelmente nas águas das minas, com elevada acidez devido à oxidação de metais residuais.

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Anna Gerasimchuk, investigadora do Instituto Biológico da Universidade Estatal de Tomsk.

Anna Gerasimchuk, investigadora do Instituto Biológico da Universidade Estatal de Tomsk / Rússia.

Uma equipa de cientistas russos pretende agora “domesticar” acidófilos, colocando-os ao serviço da biotecnologia, em particular para ajudar a extrair metais dos resíduos da indústria mineira, disse à RVR a investigadora Anna Gerasimchuk, do Instituto Biológico da Universidade Estatal de Tomsk.

“É interessante compreender como é que os acidófilos conseguem sobreviver em ambientes tão adversos e com que mecanismos genéticos e fisiológicos se adaptam a essas condições”, dia a cientista.

“Por outro lado, tais micro-organismos podem ser utilizados em diferentes ramos da biotecnologia e da engenharia genética para depurar ecossistemas com alta concentração de metais pesados, que poluem tais ambientes”, acrescenta Gerasimchuk.

Mas a questão é como encontrar tais micro-organismos, e como os distinguir entre os habitantes das águas do esgoto.

Essa tarefa poderá ser resolvida através da sequenciação do seu genoma, tarefa que os especialistas do Centro da Bioengenharia da Academia de Ciências da Rússia estão a prosseguir.

“Conhecendo o genoma do micro-organismo, é possível aperfeiçoá-los com a ajuda de métodos de engenharia genética”, apontam especialistas.

Michael Daly / Wikimedia

Micrografia de transmissão electrónica de um Deinococcus radiodurans, a bactéria mais resistente do Mundo

Micrografia de transmissão electrónica de um Deinococcus radiodurans, a bactéria mais resistente do Mundo

A bactéria mais forte do mundo

Um exemplo de um extremófilo acidófilo é a Deinococcus radiodurans, uma bactéria radio-resistente que sobrevive ao extremo frio, desidratação, vácuo e ácido.

Este poli-extremófilo está listado no Livro de Recordes do Guiness como “a bacteria mais resistente do Mundo”.

Há vida em Marte?

Segundo Anna Gerasimchuk, os acidófilos podem ajudar-nos a responder a uma pergunta sacramental: há ou pode haver vida em Marte?

Está provado há muito tempo que o Planeta Vermelho tem temperaturas extremamente baixas e um ambiente ácido extremo – condições em que os acidófilos estão em casa.

Se, em tais condições, há vida na Terra, não poderá existir também vida em Marte?

Talvez – e são primos dos acidófilos.

ZAP / RVR

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