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Se é dos que se “descuida” no avião, descanse. Não há perigo de explosão

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Se isso já aconteceu consigo, não se envergonhe: os problemas de flatulência durante voos são muito comuns. Porque? Foi o que se perguntou o médico Jacob Rosenberg, que decidiu encontrar a explicação.

O interesse de Rosenberg pela flatulência a bordo começou precisamente durante uma viagem longa para a Nova Zelândia.

Ao olhar para a própria barriga, percebeu que tinha crescido visivelmente desde que tinha entrado no avião. Ao abrir a mala e ver a sua garrafa de água vazia, Rosenberg entendeu o que se passava.

Quando a pressão do ar no avião baixou durante o voo, a garrafa expandiu-se. Logo após a aterragem, à pressão normal, a garrafa encolheu, voltando ao normal.

O médico apercebeu-se então que os gases no seu estômago deviam estar a fazer exactamente o mesmo.

“Desde então, reparei na enorme frequência com que as pessoas têm flatulência durante os voos de avião”, diz Rosenberg.

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Jacob Rosenberg, professor da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca.

Jacob Rosenberg, professor da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca.

Ainda que não seja comparável à turbulência externa – o alvo número 1 das reclamações – a flatulência é assunto frequente de queixas entre passageiros.

“Todas as pessoas já sentiram algum mau odor durante algum voo”, diz Rosenberg, professor da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca.

Isso levou o investigador a interrogar-se acerca das consequências científicas do fenómeno, e a procurar soluções para aplacar o problema.

Gás

Mesmo com os pés na terra, todos os humanos expulsam uma quantidade surpreendente de gases por dia. Os cientistas estimam que uma pessoa emita em média 10 flatulências a cada 24 horas.

Estes gases são produto dos alimentos que não foram absorvidos pelo intestino e são fermentados por bactérias. A fermentação produz azoto, dióxido de carbono e hidrogénio, além de outros componentes sulfúricos mais fedorentos.

Rosenberg desconstruiu também uma série de mitos sobre o tema.

Por exemplo, ao contrário do que sugere a cultura popular, um estudo realizado nos anos 90 mostra que os homens não têm mais flatulência que as mulheres.

A mesma investigação mostra que os gases das mulheres têm maior concentração de componentes sulfúricos, o que torna seu odor mais potente.

Rosenberg desconstruiu também alguns mitos à volta dos alimentos.

Apesar de o feijão ter ganho fama como fonte de gases, uma experiência recente mostrou que não é tão inflamatório para o intestino como se acreditava e que seu o efeito varia muito de pessoa para pessoa.

Sumos de frutas, peixe e arroz são alguns dos alimentos que Rosenberg identificou que ajudam a reduzir a flatulência.

E ao contrário do que muitos acreditam, os alimentos derivados do leite também reduzem os gases.

Inchaço

A flatulência pode causar inconvenientes durante os voos – especialmente para quem passa muito tempo em cabines pressurizadas.

Segundo estatísticas da Associação Médica Aeroespacial, mais de 60% dos pilotos sentem inchaço abdominal, um número bem maior do que o de trabalhadores de outros sectores.

A razão tem a ver com a física básica: “a pressão baixa e o ar tem mais espaço para se expandir”, diz Rosenberg, citado pela BBC.

O médico estima que este gás ocupe um volume 30% maior, o que explica a sensação de inchaço.

Rosenberg não recomenda que se retenham estes gases. “Se é jovem e saudável não há problema, mas para os idosos isso pode representar um esforço cardíaco perigoso“, adverte.

Perigo de explosão?

Por outro lado, libertar os gases também pode trazer riscos.

Um estudo de 1969 advertiu para o perigo de explosão que a acumulação de flatulência produzida pelos astronautas numa nave poderia gerar.

Mas até hoje, no entanto, nunca foi registado nenhum acidente por esta razão.

Recentemente, a Agência Espacial do Canadá sugeriu que a soja fermentada poderia ser a comida ideal para consumo no espaço, já que contém bactérias probióticas que reduziriam o inchaço abdominal dos astronautas.

Mesmo que nos aviões comerciais não haja risco de explosão, as companhias aéreas investem em medidas para aliviar o desconforto gerado por este problema.

Rosenberg entrevistou diferentes companhias que usam filtros de carbono no ar-condicionado para absorver os maus cheiros.

As empresas procuram também servir alimentos que contenham poucas fibras e muitos hidratos de carbono – uma combinação que facilita a digestão, e diminui a probabilidade de … que se descuide.

ZAP / BBC

2 Comments

  1. Carbo-hidratos??
    Estamos novamente em território Brasileiro???

    Em PORTUGAL, diz-se hidratos de carbono. Mas quem escreve para vocês, caramba????

    • Caro feetrabbit,
      Em Portugal diz-se das duas maneiras.
      Mas, sendo este seu editor também da velha escola, a grafia foi alterada para “hidratos de carbono”.
      Obrigado pelo seu (talvez excessivamente pontuado) reparo.
      Orgulha-nos muito ter leitores que não nos deixam por pé em ramo verde.

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