Um norte-americano residente no Alasca denunciou um outro indivíduo por posse de pornografia infantil gerada por Inteligência Artificial. Depois, foi preso pelo mesmo crime.
Se contactar a polícia para denunciar alguém que lhe manifestou interesse em material de abuso sexual de crianças, talvez não seja a melhor ideia ter o mesmo tipo de material nos seus próprios dispositivos.
Ou consentir numa busca para que a polícia possa recolher mais informações.
Mas terá sido isso mesmo que Anthaney O’Connor, um norte-americano residente no Alasca, fez — acabando por ser detido por posse de pornografia infantil.
Segundo o 404 Media, O’Connor foi detido no início desta semana, depois de uma busca policial aos seus dispositivos informáticos ter alegadamente revelado material de abuso sexual de crianças gerado por Inteligência Artificial.
De acordo com os documentos da acusação, O’Connor contactou as autoridades policiais em agosto para as alertar para um indivíduo não identificado, piloto profissional, que tinha partilhado pornografia infantil com O’Connor.
Durante a investigação do crime, e com o consentimento de O’Connor, as autoridades federais fizeram uma busca no seu telemóvel para obter informações adicionais.
Uma análise dos aparelhos eletrónicos revelou que O’Connor aparentemente se tinha oferecido para fornecer ao piloto material de abuso sexual de menores gerado em realidade virtual com a ajuda de Inteligência Artificial.
De acordo com a polícia, o piloto não identificado partilhou com O’Connor uma fotografia que tinha tirado de uma criança numa mercearia, e os dois discutiram como poderiam sobrepor o menor num mundo de realidade virtual explícito.
As autoridades policiais afirmam ter encontrado pelo menos seis imagens explícitas, geradas por IA, nos dispositivos de O’Connor, que este afirmou terem sido descarregadas intencionalmente, juntamente com várias imagens “reais” — que teriam sido misturadas involuntariamente.
Após uma busca à casa de O’Connor, as autoridades descobriram um computador e vários discos rígidos escondidos; uma análise mais detalhada ao computador revelou um vídeo de 41 segundos de violação de crianças.
No interrogatório conduzido pelas autoridades, O’Connor admitiu que denunciava regularmente material de abuso sexual de menores aos fornecedores de serviços Internet, “mas continuava a sentir-se sexualmente gratificado com as imagens e os vídeos”.
Não se sabe porque é que O’Connor decidiu denunciar o piloto às autoridades, que especulam que talvez estivesse com a consciência pesada — ou talvez acreditasse mesmo que as suas imagens, por serem geradas por IA, não infringiam a lei.
Os geradores de imagens de IA são normalmente treinados com imagens reais, o que significa que as imagens de crianças “geradas” pela IA são fundamentalmente baseadas em imagens reais.
Assim, não há forma de separar as duas coisas, e a pornografia infantil baseada em IA não é um crime sem vítimas, salienta o Gizmodo. Em maio, o FBI efetuou a primeira detenção por posse de pornografia infantil gerada por IA. O detido tinha no seu computador milhares de imagens explícitas geradas no Stabe Diffusion.
A maior parte das plataformas de IA tem barreiras para evitar o uso indevido das suas funcionalidades, à semelhança das impressoras — que, nos Estados Unidos, não permitem a fotocópia de dinheiro.
Mas obviamente, quem quer mesmo gerar imagens explícitas — ou imprimir notas com a cara de Benjamin Franklin — consegue fazê-lo.