São Paulo, a mais populosa cidade do Brasil, registou entre o domingo e segunda-eira o maior volume de chuva para o mês de fevereiro dos últimos 37 anos, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
A tempestade praticamente paralisou os transportes da cidade, com as suas principais estradas inundadas, linhas de elétricos suspensas e o tráfego de veículos completamente colapsado. Segundo o Corpo de Bombeiros de São Paulo, em poucas horas as chuvas causaram deslizamentos de terra, inundações e quedas de árvores.
As inundações e as águas que transbordaram bloquearam a passagem pela marginal do rio Tietê e Pinheiros, largas avenidas que cruzam São Paulo e que são as duas principais artérias da cidade. Ao todo, segundo o Folha de São Paulo, foram sinalizados “mais de 800 pontos de enchentes”, e o mesmo jornal indica que o volume do rio Pinheiros atingiu o maior nível jamais registado, de 719,6 metros em relação ao nível do mar (o recorde anterior, de 2005, era de 719).
O serviço de algumas das linhas de elétricos e de comboios foi suspenso, bem como a circulação de linhas de autocarros, levando os habitantes a enfrentarem muita dificuldade para chegar ao trabalho. Só as linhas de metropolitano foram menos afetadas, sendo que o mesmo jornal indica que operaram sem restrições.
No que toca à aviação, o Folha de São Paulo indica que os aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, e Congonhas, houve vários voos cancelados e outros tantos adiados ou desviados para outros aeroportos.
De acordo com dados do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) do município de São Paulo, apenas esta segunda-feira, entre as 7h e as 13h choveu na cidade 88,7 milímetros (mm), o que equivale a 40,9% da média esperada para o mês, que é de 216,7mm. Em fevereiro, já foram contabilizados 208 mm de chuva, ou seja, já choveu cerca de 96% do esperado para todo o mês.
A Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo enviou todos os seus funcionários para as ruas para organizar o trânsito e auxiliar os motoristas cujos veículos estão parados em avenidas ou mesmo submersos em túneis e declives.
No final da manhã, bombeiros disseram ter encontrado o corpo de um homem de 33 anos, desaparecido desde sábado, quando foi levado pela água numa enxurrada na cidade de São Bernardo do Campo.
O bloqueio do tráfego, as inundações e as ameaças de novos deslizamentos de terra forçaram os bombeiros da cidade a recomendar que a população permanecesse em casa pelo menos até a situação normalizar.
“Pedimos às pessoas que fiquem em casa. Não é um bom momento para deslocamento”, alertou o secretário regional de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido.
Segundo a revista Veja, o governador do estado de São Paulo, João Doria, em viagem no Dubai, pediu às populações para evitar deslocações a não ser que tal seja “absolutamente necessário”, sendo “importante todos ficarem atentos às recomendações de segurança para que se protejam e evitem áreas de risco.”
Algumas escolas e empresas cancelaram o atendimento nesta segunda-feira.
A normalização, no entanto, pode levar tempo, porque o Inmet alertou que as previsões apontam para a continuação da chuva durante todo o dia na zona de São Paulo.
De acordo com o Inmet, entre domingo de manhã e as 8h de segunda-feira registou-se uma precipitação de 141,2 mm na capital e nas cidades próximas.
// Lusa