Atividade sismovulcânica praticamente inalterada em São Jorge. Mais de mil pessoas já abandonaram a ilha

António Araújo / Lusa

Habitantes de São Jorge abandonam a ilha de barco no Terminal Maritimo de Velas, devido à crise sismovulcânica

Cerca de 770 sismos de baixa magnitude foram registados na sexta-feira na ilha São Jorge, anunciou o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA), que reiterou que não há evidências de estar iminente uma erupção vulcânica.

“Entre as 00h00 e as 22h00 [horas dos Açores, menos uma do que em Lisboa] de hoje [sexta-feira] foram contabilizados aproximadamente 770 eventos, o que reflete uma ligeira diminuição da atividade sísmica. Todos os sismos registados até ao momento são de baixa magnitude e evidenciam uma origem de natureza tectónica”, adiantou o CIVISA.

Num ponto de situação sobre a crise sísmica que se regista em São Jorge desde sábado, o CIVISA referiu que a medição de gases e temperatura no solo na área epicentral não resultou, até à data, na identificação de qualquer anomalia, continuando os levantamentos de campo nos próximos dias.

No âmbito da monitorização geodésica, o CIVISA, em colaboração com outras entidades, está a reforçar a rede de observação baseada em estações GNSS e a proceder ao tratamento de imagens de satélite.

“Os dados existentes até à data corroboram as observações sismológicas ao indiciarem a existência de alguma deformação na área epicentral”, avançou ainda o centro que assegura a monitorização e a avaliação dos perigos geológicos nos Açores.

Em comunicado, o CIVISA alertou para a possibilidade de ocorrência de sismos que podem atingir magnitudes mais elevadas do que as registadas até ao momento, assim como para o perigo de ocorrência de derrocadas potenciadas pela atividade sísmica e pelas adversas condições meteorológicas que afetam o arquipélago.

Não há evidências de estar iminente uma erupção vulcânica, embora tal cenário não esteja afastado”, salientou.

O alerta vulcânico na ilha de São Jorge mantém-se no nível V4 (de um total de cinco), o que faz com que se tenha “de tomar precauções de forma a proteger a população”, referiu Eduardo Faria, presidente do Serviço Regional de Proteção Ciivl e Bombeiros dos Açores, ao Público.

Ao mesmo diário, o presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, anunciou que, desde o início da crise sismovulcânica no sábado passado, cerca de 1.250 pessoas abandonaram São Jorge, por via marítima e aérea.

Dados provisórios dos Censos 2021 indicam que a ilha de São Jorge tem 8.373 habitantes, dos quais 4.936 no concelho das Velas e 3437 no concelho da Calheta.

Para já, não “existe nenhuma declaração de evacuação” do concelho das Velas, com a “exceção” da retirada de pessoas de mobilidade reduzida e dos habitantes das fajãs.

Ainda assim, o presidente da Câmara das Velas, Luís Silveira, realçou que a eventual evacuação de todo o concelho está “preparada”.

“Em termos de evacuação do todo do concelho por freguesia, e são seis freguesias do concelho de Velas, estão definidos os corredores e os caminhos que cada uma das freguesias deve percorrer, até aos edifícios que vão receber em primeira instância a população”, afirmou o autarca.

ZAP // Lusa

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