Courtesy Island Records

Detalhe da capa de “Man’s Best Friend”, de Sabrina Carpenter
A superestrela pop recebeu enormes críticas depois de partilhar no Instagram a imagem da capa do seu último álbum, ‘Man’s Best Friend’, que alguns fãs considerarem “perturbadora”.
A princesa do pop Sabrina Carpenter dividiu os fãs e provocou uma onda de indignação moral depois de revelar no seu perfil no Instagram a capa do seu próximo álbum, ‘Man’s Best Friend’.
A capa retrata a cantora norte-americana de 26 anos de gatas, com vestido preto curto, enquanto uma figura sem rosto e de fato agarra o seu cabelo.
Sem surpresa, a Internet não reagiu bem. Os fãs argumentam que a imagem perpetua valores patriarcais e degrada as mulheres ao compará-las a animais de estimação.
“Tudo isto é tão perturbador. Por que é que estamos orgulhosamente a comparar-nos a cães”, escreveu um comentador na publicação de Carpenter no Instagram.
“Adoro a Sabrina, mas esta imagem… por que é que o homem está ali daquela forma? Não é uma imagem muito empoderadora para as mulheres. Acho um erro, a maioria dos seus fãs são mulheres e, como sobrevivente de violência doméstica, considero-a desconfortável e preferia vê-la de outra”, lê-se outro comentário.
A Glasgow Women’s Aid, organização escocesa que luta contra a violência doméstica, classificou no Facebook a capa do álbum como “regressiva”.
“Retratar-se de gatas, com um homem a puxar-lhe o cabelo e chamar-lhe ‘O Melhor Amigo do Homem’ não é subversão. É um retrocesso a clichés batidos que reduzem as mulheres a animais de estimação, adereços e posses, e promovem um elemento de violência e controlo”, escreve a GWA.
As respostas acaloradas refletem também raiva e sensibilidade exacerbada num momento em que os direitos das mulheres estão a ser corroídos pelos governos – e ameaçados pela influência cultural tóxica da “manosfera”, o conjunto de espaços online que promovem a misoginia, diz a Euronews.
“Isto grita ‘esposa tradicional‘ num momento em que muitas de nós estamos a lutar pela autonomia do nosso corpo. Está tão mal alinhado com este momento político que ou é uma provocação intencional ou simplesmente uma falta de noção flagrante. Nenhuma das opções é aceitável neste momento”, disse uma fã.
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Há quem no entanto contrarie este discurso, lembrando que Sabrina Carpenter assumiu sempre a sua sexualidade a brincar com fantasias masculinas — e que, fora do contexto mais amplo do álbum, não conhecemos o seu verdadeiro significado.
“Estou a ver muita discussão sobre a capa do álbum da Carpenter… para aqueles que possam carecer de pensamento crítico, a capa é claramente satírica, com um significado mais profundo, retratando como o público a vê, acreditando que ela existe apenas para o olhar masculino”, lê-se no X.
“A capa do álbum de Sabrina Carpenter é assim tão ofensiva?“, questiona a cronista Adrian Horton no The Guardian. “A internet tem estado dividida, mas é possível que alguns não estejam a perceber o ponto“.
“O desconforto é palpável, se bem que previsível. Apesar de a sexualidade feminina ser um dado adquirido na música pop, ainda não estamos habituados a ver estrelas pop a controlar a sua própria sexualidade, e muito menos a enquadrarem-se como submissas”, escreve a cronista norte-americana.
“Carpenter de gatas contra a retórica dominante do empoderamento sexual feminino — ‘estar por cima‘, ‘fazer sexo como um homem‘, ‘dar as ordens‘. O que parece que se perdeu em todos estes comentários é o sentido de diversão, que Carpenter parece ter em abundância”, conclui Horton.
Perturbadora ou satírica, a capa lançou o debate na Internet e deixou mais umas quantas pessoas zangadas com o mundo. Não havia necessidade, diria o Diácono Remédios.
O pessoal é mesmo delicado…. Se ela metesse como a Ladygaga agarrada a um demónio de língua a mostra e com um olho fechado era uma lutadora pelos direitos femininos.