Armando Rodrigues de Sá é um português que aparece em destaque nos livros de história alemães. Foi o imigrante um milhão a chegar ao país. O português foi recebido em festa e, durante uns tempos, em Colónia não se falou noutra coisa.
Armando Rodrigues de Sá chegou à Alemanha a 10 de setembro de 1964.
O português, nascido em Nelas, no distrito de Viseu, foi o imigrante um milhão na Alemanha.
Depois de uma viagem de comboio de 48 horas, ouviu com surpresa o seu nome a ser chamado entre uma longa lista de passageiros.
A Confederação das Associações de Empregadores Alemães (BDA) tinha-o escolhido como o milionésimo Gastarbeiter (trabalhador convidado) a chegar ao país.
Armando Rodrigues de Sá chegou à estação de Köln-Deutz juntamente com um grupo de 1.106 trabalhadores estrangeiros, dos quais 933 eram espanhóis. Mas ele, especificamente, foi recebido em festa, na presença das autoridades alemãs.
As imagens do português aparecem nos livros de história do país.
Com um ramo de flores na mão, Armando Rodrigues de Sá aparece sentado numa moto que lhe foi oferecida, uma Zündapp Sport Combinette, produzida em Colónia, que nunca conduziu por não ter carta.
Em 2014, foi erguida uma placa comemorativa que celebrava os 50 anos da efeméride.
Dez anos depois, o monumento foi renovado a pedido do Conselho de Integração da Cidade de Colónia.
Andreas Wolter, presidente da câmara, inaugurou a nova placa na Ottoplatz, junto à estação de Deutz, em Colónia.
“Os trabalhadores convidados e as suas famílias deram um contributo significativo para o desenvolvimento económico da República Federal da Alemanha e da Renânia do Norte-Vestefália”, disse, em declarações captadas pelo jornal Kölner Stadt-Anzeiger.
Devido à escassez de mão-de-obra, nos anos 50, o Governo da República Federal da Alemanha recrutou trabalhadores temporários no estrangeiro através do programa “Gastarbeiterprogramm” para a reconstrução do país.
Este programa foi iniciado através de acordos de recrutamento bilaterais com a Itália, em 1955, Grécia e Espanha, em 1960, Turquia, em 1961, Marrocos, em 1963, Portugal, em 1964, Tunísia, em 1965, e com a antiga Jugoslávia, em 1968.
Robert Fuchs, diretor geral do DOMiD, o Centro do Documentação e Museu das Migrações na Alemanha, explica ao jornal Kölner Stadt-Anzeiger que a estação Colónia-Deutz foi escolhida por ser um dos dois pontos de chegada mais importantes dos trabalhadores convidados que chegavam ao país.
“Havia duas estações ferroviárias centrais neste contexto. Uma delas foi a estação ferroviária de Munique, onde chegaram pessoas da Itália, da ex-Jugoslávia e da Grécia. Aqui em Colónia, porém, chegaram pessoas da Espanha e de Portugal”, contou.
Armando Rodrigues de Sá acabou por não trabalhar em Colónia, mas sim em Baden-Württemberg, como carpinteiro durante vários anos.
Regresou a Portugal em 1970 onde ficou até morrer, em 1979.
ZAP // Lusa