Kim Jong-un “demonstra grande interesse na tecnologia de foguetes” e terá feito a Putin inúmeras perguntas sobre os Soyuz-2. Satélites são, segundo o líder norte-coreano, cruciais para aumentar a ameaça dos seus mísseis com capacidade nuclear.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse esta quarta-feira que o país vai ajudar a Coreia do Norte a lançar satélites, antes de uma reunião numa base espacial com o líder norte-coreano Kim Jong-Un.
De acordo com a imprensa estatal russa, quando questionado sobre se Pyongyang queria a assistência de Moscovo na construção de satélites, Putin disse na base espacial de Vostochny: “É por isso que viemos aqui”.
Kim Jong-un “demonstra grande interesse na tecnologia de foguetes. Eles também estão a tentar desenvolver o espaço”, disse Putin, referindo-se às autoridades da Coreia do Norte.
A imprensa estatal disse que o líder norte-coreano fez a Putin inúmeras perguntas sobre os Soyuz-2 durante uma visita a uma instalação de lançamento destes foguetes espaciais russos em Vostochny.
Nos últimos meses, a Coreia do Norte falhou repetidamente tentativas de colocar em órbita o seu primeiro satélite espião militar, algo que Kim Jong-un tinha descrito como crucial para aumentar a ameaça dos seus mísseis com capacidade nuclear.
A presidência da Rússia disse, num comunicado de imprensa, que os dois líderes visitaram ainda o local de montagem do lançador Angara e o sítio onde está a construída a plataforma de lançamento desta nova geração de foguetes russos.
Putin e Kim foram acompanhados pelo vice-primeiro-ministro e representante plenipotenciário no Distrito Federal do Extremo Oriente, Yuri Trutnev, pelo diretor da agência espacial russa Roscosmos, Yuri Boríov, e pelo diretor geral da JSC TsENKI, a agência que gere a base de Vostochny, Nikolai Nestechuk.
“Importância estratégica” na “luta sagrada” contra o imperialismo
Kim Jong-un disse que a sua visita à Rússia destaca a “importância estratégica” dos laços entre os dois países, avançou a imprensa estatal de Pyongyang.
“A sua primeira visita ao estrangeiro, após a crise global de saúde pública, é uma manifestação clara da vontade do Partido dos Trabalhadores da Coreia e do Governo da República Popular Democrática da Coreia [RPDC, nome oficial da Coreia do Norte) a dar prioridade à importância estratégica das relações entre a RPDC e a Rússia”, avançou a KCNA.
“Falaremos sobre todos os assuntos sem pressa, há tempo”, respondeu Putin quando questionado por jornalistas da imprensa estatal sobre a cooperação militar entre os dois países.
Após a visita, os dois líderes iniciaram conversações bilaterais, disseram agências de notícias oficiais russas, que sublinharam a presença do ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, entre as delegações dos dois países.
De acordo com a imprensa estatal, Kim Jong-un disse que a Coreia do Norte apoia a decisão russa de invadir a Ucrânia, algo que descreveu como “uma luta sagrada para defender a sua soberania e segurança”.
“Sempre apoiámos e continuamos a apoiar todas as decisões do Presidente Putin”, disse Kim ao líder russo, no início das conversações.
“Espero que estejamos sempre juntos na luta contra o imperialismo”, sublinhou o líder norte-coreano, acrescentando que atualmente as relações com Moscovo são a “maior prioridade” de Pyongyang.
“Temos muitos assuntos, incluindo política, economia e cultura”, para discutir, acrescentou Kim.
De acordo com imagens transmitidas pela televisão russa, Putin disse que as discussões se vão concentrar em particular na “situação na região”, na “cooperação económica” e em “questões humanitárias”.
De acordo com o jornal The New York Times, que cita autoridades dos EUA e aliados, Putin quer que a Coreia do Norte venda artilharia e mísseis antitanque à Rússia; já Pyongyang procura tecnologia avançada para fabricar satélites e submarinos com propulsão nuclear e ajuda alimentar, detalhou o jornal nova-iorquino, citado pela agência Efe.
O acordo entre os dois países serve como um fator desestabilizador para além das preocupações imediatas na Ucrânia. Tem o potencial de fornecer a Pyongyang avanços tecnológicos que poderiam impulsionar os seus programas de mísseis de longo alcance e nucleares, representando assim um risco a longo prazo para a segurança global.
ZAP // Lusa