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Rússia prepara retaliação em sigilo contra Portugal por envio de helicópteros para a Ucrânia

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo avisou que haverá “medidas de retaliação” contra Portugal e outros países da União Europeia (UE) pelo envio para a Ucrânia de material de uso militar como os helicópteros Kamov.

O Kremlin está mesmo irritado com Portugal, depois do envio de mais helicópteros Kamov para Ucrânia, e, esta sexta-feira, ameaçou retaliar.

“Já anunciámos que encaramos a entrega de Kamov à Ucrânia como uma medida hostil em relação ao nosso país, medida que faz parte da caminhada dócil e inconsciente de Portugal e de outros países da União Europeia pela trajetória desenhada por Washington”, afirmou a representante oficial da diplomacia russa, Maria Zakharova.

A porta-voz indicou que as “medidas de retaliação serão estudadas em sigilo” e que “toda a gente” ficará a saber quando a Rússia começar a aplicá-las.

“Nós lembramo-nos dessas ações aquando da definição das relações bilaterais. Como toda a gente sabe, temos boa memória, apesar de não sermos vingativos”, disse Zakharova quando questionada pela agência Lusa sobre o envio para a Ucrânia de seis helicópteros médios Kamov Ka-32A11B portugueses para apoiar Kiev na luta contra a invasão russa, iniciada em fevereiro de 2022.

Este discurso surge cerca de uma semana depois de Portugal ter enviado helicópteros de incêndio russos – que não pode operar – para ajudar a Ucrânia.

Os Kamov foram adquiridos em 2006 pelo Ministério da Administração Interna, então liderado por António Costa.

Em outubro de 2022, Portugal anunciou o envio para a Ucrânia dos helicópteros, que estavam sem licença para operar, por serem de origem russa.

“A pedido da Ucrânia e em articulação com o Ministério da Administração Interna vamos disponibilizar à Ucrânia a nossa frota de helicópteros Kamov que, em virtude do cenário atual, das sanções impostas à Rússia, deixámos de poder operar“, anunciou a na altura ministra da Defesa, Helena Carreiras.

Nessa ocasião, a Rússia criticou o Governo português e sublinhou que Moscovo não tinha dado o seu consentimento para a entrega dos helicópteros, tanto mais que o objetivo da transferência não era o combate a incêndios.

O último transporte dos seis helicópteros Kamov doados por Portugal à Ucrânia seguiu na sexta-feira passada para Kiev – segundo o Ministério da Defesa, “após um longo período de incerteza e de negociações”.

Ucrânia agradece, mas deixa aviso

O governo ucraniano agradeceu, mais um vez, o apoio a Portugal, deixando o alerta de que as ameaças da Rússia são sempre sérias.

“Não quero sobrestimar, mas também não posso subestimar, de qualquer forma, as ameaças da Rússia. São sempre sérias e, se eles ameaçam, eles fazem algo”, disse uma fonte ucraniana, quando questionada pela Lusa em Kiev sobre as declarações da diplomacia russa.

“O que é que eles podem fazer contra os portugueses? Não sou perito nisso, mas talvez em termos económicos, não sei”, acrescentou a mesma fonte ucraniana à Lusa.

Os membros do governo da Ucrânia ouvidos pela Lusa na disseram “valorizar muito” as relações entre Kiev e Lisboa, falando nas “comunicações frutíferas” entre os dois países desde o início da guerra causada pela invasão russa em fevereiro de 2024.

ZAP // Lusa

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