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“Rui Moreira está a secundarizar a Cultura, para dar espaço às empresas de imobiliário”

José Coelho / Lusa

Manifestação dos músicos do STOP em frente à Câmara do Porto

Centenas de pessoas manifestaram-se, esta segunda-feira à tarde, em frente à Câmara Municipal do Porto, para mostrar “a real dimensão do centro cultural que é o Stop”. O encerramento de 105 espaços, na semana passada, motivaram os protestos. Os manifestantes dizem que só não se encontra solução, porque “há vários interesses, de várias pessoas”.

Esta segunda-feira, no Porto, centenas de pessoas defenderam que o Stop é um centro cultural importante, não só para a cidade Invicta como também para o país.

A maior parte deles, ‘músicos do Stop’, exigem a reabertura do centro comercial o mais depressa possível.

Na manifestação leram-se cartazes a lembrar ao Ministério da Cultura a “expropriação” do Stop, mas muitos, também, a criticar a atuação do município, na sequência da retirada de mais de 100 lojistas.

Na última terça-feira, a Polícia de Segurança Pública (PSP), por ordem da Câmara Municipal do Porto, fechou 105 das 126 lojas do centro comercial.

A autarquia justifica o encerramento dos espaços – que já tinha sido “ameaçado” no ano passado – com a falta de licenças de utilização para funcionamento. Em causa estarão falhas nas medidas de proteção contra incêndio.

O protesto de ontem seguiu ruidoso até cerca das 19h30, altura em que rumaram, a pé, até ao centro comercial, situado a poucos quilómetros.

Bruno Costa, da associação Alma Stop, explicou à Lusa que estão à procura do “consenso entre as duas associações e com os demais lojistas”, sobre a proposta recebida da câmara.

“A proposta não poderá ser aceite apenas pelas duas associações, mas também pelas outras pessoas, que têm o mesmo direito de representatividade. No caso do Alma Stop, há pontos que precisam de ser revistos”, referindo-se à questão do horário de utilização do espaço passar a ser de 12 horas.

“Queremos certificar-nos de que podemos fazer cargas e descargas para as salas e estamos a estudar uma contraproposta que vá ao encontro das pretensões da câmara”, especificou.

Questionado se o que vão propor é um alargamento do horário, respondeu “talvez, mas não só (…) Espero que ainda esta semana haja uma resposta”, rematou.

Entre os muitos que seguravam cartazes, João Alves, organizador de concertos, revelou à Lusa “haver vários interesses, de várias pessoas e, por isso, [encontrar uma solução] é complicado”.

“O Stop tem muitos administradores e a câmara tem gente lá dentro que não se entende”, acusou.

“Eu organizo concertos e se não há bandas não há concertos, mas se as bandas não tiverem onde ensaiar não podem dar concertos”, explicou João Alves.

Francisca Oliveira, neta de um “proprietário de uma loja no Stop”, interrompeu uma conversa a três para contar que descobriu o centro comercial “quando era muito jovem” e que sempre gostou de “lá ir ouvir a música”.

“Acho inadmissível a forma como são tratados os músicos e os trabalhadores, porque também há lá lojistas e esta forma de forma de despejar as pessoas não é digna, ainda por cima pessoas que contribuem para a Cultura da nossa cidade”, acrescentou.

Os manifestantes acusaram a Rui Moreira de “estar a secundarizar a Cultura, para dar espaço ao crescimento de empresas de imobiliário”.

Em Lisboa, na Praça do Rossio, frente ao Teatro D. Maria II, mais de uma centena de pessoas associaram-se ao protesto que ocorria 300 quilómetros a norte, vendo-se cartazes onde se lia “Stop é património cultural” e a cara do presidente da Câmara do Porto, com orelhas gigantes.

No protesto estavam cidadãos de Lisboa e do Porto, entre eles, alguns que afirmaram ser músicos.

ZAP // Lusa

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