Afinal, os rótulos alarmistas no vinho contra o cancro não avançam

O Parlamento Europeu aprovou as medidas propostas pela Comissão Especial para a Luta contra o Cancro, mas só depois de uma alteração fundamental que fez cair a inclusão de rótulos de aviso contra esta doença nas garrafas de bebidas alcoólicas, incluindo o vinho.

A possibilidade de incluir rótulos alarmistas contra o cancro nas garrafas de vinho e de outras bebidas alcoólicas gerou polémica, nomeadamente entre os produtores de vinho portugueses. Alguns chegaram a queixar-se de “recuo civilizacional” e de um “grave erro estratégico”.

Assim, antes de discutir o assunto no Parlamento Europeu, foram introduzidas alterações no relatório da Comissão Especial para a Luta contra o Cancro (CELC). Depois dessas mudanças, o documento foi aprovado com 652 votos a favor, 15 contra e 27 abstenções.

Produtores de vinho respiram de alívio

O relatório não fazia distinção entre consumo excessivo ou moderado de álcool. Mas os países do Sul promoveram a inclusão do termo “nocivo” que faz toda a diferença, para demonstrar que é o consumo excessivo de álcool que pode contribuir para o cancro.

No documento, sublinhava-se o risco de cancro com qualquer quantidade de álcool ingerido. Uma ideia que era vista como “simplista” pela Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal (ACIBEV) que reforça “a necessidade de todas as políticas terem uma base científica sólida e serem proporcionais aos impactos económicos que podem causar”, conforme comunicado divulgado pela Rádio Renascença (RR).

Não se pode dizer que há uma relação directa entre o consumo moderado de vinho e o aparecimento de vários tipos de cancro”, aponta a ACIBEV, considerando que esta é uma “doença multifactorial”.

“A evidência científica indica que beber vinho com moderação, à refeição, no âmbito da dieta mediterrânica, associado com exercício físico e um estilo de vida saudável, contribui para o aumento da expectativa de vida e bem-estar geral, com a diminuição de uma série de doenças como, por exemplo, diabetes ou doenças coronárias”, destaca ainda a Associação.

Desta forma, a ACIBEV apela à Comissão Europeia para que tome “medidas legislativas focadas no consumo abusivo do álcool, que não ponham em causa a nossa cultura, as nossas comunidades, os nossos territórios e que respeitem a nossa tradição gastronómica de que o vinho faz parte”.

“O sector do vinho é muito importante em Portugal, contribui de forma significativa para a economia nacional, as exportações e para a fixação de população no interior”, conclui a mesma organização.

ZAP //

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