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Retrato de Shakespeare em vida descoberto num livro sobre botânica do século XVI

Rex Features

William Shakespeare

William Shakespeare, na capa da revista Country Life

Um livro sobre botânica de 1598 tem entre as suas gravuras aquele que pode ser o único retrato de Shakespeare feito enquanto era vivo.

O botânico e historiador Mark Griffiths decifrou um “código engenhoso” para identificar o dramaturgo numa gravura do século XVI. “Isto é como Shakespeare se parecia, desenhado ao vivo e no auge da vida”, afirma o especialista.

Os pormenores sobre a descoberta são revelados na edição desta semana da revista Country Life. Mark Hedges, editor da publicação, afirma tratar-se da “descoberta literária do século“, já que é o “único retrato verificável desenhado durante a vida do maior escritor de sempre”.

O editor acrescentou que a gravura mostra o poeta com 33 anos, “no seu auge”. “Ele já tinha escrito o ‘Sonho de uma Noite de Verão’ e estava prestes a escrever o ‘Hamlet’. Ele tem a boa aparência de uma estrela de cinema”, afirmou.

Mark Griffiths revela ter chegado à descoberta quando estava a pesquisar a biografia do pioneiro da botânica John Gerard (1545-1612), autor da obra “The Herball or Generall Historie of Plantes”, publicada em 1598 e descrita como a maior publicação em inglês sobre plantas.

O investigador descreve que havia apenas 10 cópias da primeira edição do livro, que tinham a primeira página com gravuras de William Rogers, mas as quatro figuras ilustradas eram tidas como personagens imaginárias.

Contudo, Griffiths afirma ter descodificado os elementos decorativos à volta das figuras, tais como motivos heráldicos e plantas emblemáticas, para revelar as suas “verdadeiras identidades”: o autor John Gerard; Rembert Dodoens, um renomado botânico flamengo; e Lord Burghley, o tesoureiro da rainha Isabel I de Inglaterra.

O quarto retrato, com cerca de oito centímetros, mostra um homem com barba e uma coroa de louros e uma série de elementos simbólicos que apontam para a sua identidade – William Shakespeare -, como uma fritilária e uma espiga de milho doce – plantas que Griffiths afirma apontarem para o poema “Vénus e Adónis” e a peça “Titus Andronicus”.

A revelação não é, contudo, unanimemente aceite. O investigador Michael Dobson, diretor do Instituto Shakespeare da Universidade de Birmingham, afirmou à BBC estar “profundamente não convencido” desta teoria. “Ainda não li os argumentos ao pormenor, mas a Country Life não é a primeira publicação a fazer este tipo de alegações”, afirma.

Por outro lado, Edward Wilson, professor emérito do Colégio Worcester da Universidade de Oxford (Inglaterra) que colaborou com Griffiths durante cinco anos antes de trazer a descoberta a público, garante que “é absolutamente seguro, é sensacional”.

ZAP

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