Há centenas de refugiados rohingya à deriva no mar há semanas

As autoridades do Bangladesh anunciaram, esta sexta-feira, a transferência de 280 refugiados rohingya, que estavam no mar há semanas, para uma ilha remota perto da costa do país, onde já tinham sido instalados outros 30 no domingo.

“Um navio da Marinha capturou o barco, a cerca de 30 quilómetros ao sul da ilha de San Martin, com 280 pessoas a bordo“, disse um oficial da Marinha, que pediu à agência EFE para manter o anonimato. “Fornecemos-lhes comida e bebida e estão a ser transferidos para a ilha de Bhasan Char”, adiantou.

Bhasan Char é uma ilha desabitada para onde o Governo planeava transferir parte dos rohingya que estão nos campos de refugiados do sudeste de Bangladesh e, embora a iniciativa não tenha avançado, a ilha recebeu, desde domingo, 29 membros dessa minoria que tentou chegar à costa do país por mar.

Estes resgates acontecem duas semanas depois de dois barcos de pesca encalhados terem sido encontrados na Baía de Bengala, com quase 500 rohingya a bordo, depois de terem sido repelidos pela Guarda Costeira da Malásia.

Alguns dias antes, o Bangladesh resgatou outro grupo de 396 rohingya que estavam no mar há 58 dias, na sequência de uma decisão da Malásia que também os impediu de chegar à sua costa.

De acordo com o jornal The Guardian, grupos de defesa dos direitos humanos alertaram para o facto destes refugiados correrem o risco de morrer à fome e serem explorados por traficantes, depois de vários dias à deriva.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Bangladesh, Abdul Momen, já adiantou que os refugiados resgatados do mar vão ser enviados para esta ilha para prevenir o risco de contágio de covid-19 nos campos em Cox’s Bazar, onde já se encontram cerca de um milhão de pessoas desta minoria étnica.

O Bangladesh lançou o projeto da ilha em novembro de 2017, depois da limpeza étnica levada a cabo pelo Exército do Myanmar, que levou a que cerca de 738 mil rohingya se refugiassem no país.

Embora tenham sido construídos abrigos na ilha para cerca de 100 mil pessoas, as autoridades cancelaram o plano de transferir os refugiados para Bhasan Char, em dezembro de 2019, depois de muitas críticas internacionais.

Ativistas dizem que a ilha, à qual só se pode chegar depois de uma viagem de barco de três horas, não tem acesso a serviços básicos e é vulnerável ao aumento do nível do mar e às tempestades.

ZAP // Lusa

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