Rio muda de estratégia. Afinal, vai tentar “comprimir” diretas e congresso do PSD

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ppdpsd / Flickr

O presidente do PSD, Rui Rio

Possibilidade de adiamento das eleições internas — anteriormente defendida por Rio — já tinha sido afastada por Paulo Rangel, eurodeputado e adversário de Rio nas diretas.

Depois de num primeiro momento ter anunciado que não iria reagir ao anúncio do Presidente da República sobre a data das eleições legislativa, o PSD acabou por fazê-lo ainda na noite de ontem, por via do seu líder. Em entrevista à TVI, Rui Rio deu como encerrada a polémica que se iniciou entre o próprio e Marcelo Rebelo de Sousa, depois de o primeiro deixar no ar acusações de favorecimento do chefe de Estado em relação a Paulo Rangel, eurodeputado e adversário de Rio na corrida à liderança do PSD — em entrevista à SIC, na última semana, Rio disse mesmo que através da marcação da data das eleições seria possível tirar conclusões acerca desta matéria.

Com um discurso mais moderado, na noite de ontem, optou por quase desvalorizar a questão. “O senhor Presidente decidiu 30 de janeiro, está decidido, há que seguir em frente, não tenho mais nada a dizer.” Confrontado com os jornalistas com o facto de a data decidida por Marcelo Rebelo de Sousa ser duas ou três mais tarde do que a sugerida por Rio nas audições que decorreram no último sábado em Belém (9 ou 16 de janeiro), o líder social democrata recusou, novamente, entrar em polémicas e pôs um ponto final na polémica, defendendo-se com a ideia de que este tipo de situações “só favorecem o PS“.

O adversário, considera Rio, está “desgastado“, pelo que o PSD deve estar “focado“. Se assim for, “o PS não ganha”. “Acho dificílimo uma coisa dessas. Pode acontecer, mas isso depende de nós, e nós podemos ganhar, o que também depende de nós. O PS já está está em condições de perder. Estamos nós em condições de entrar? Eu acho que sim, mas temos de fazer por isso”, afirmou. Com “fazer por isso”, o líder social-democrata considera que o partido deveria estar “sem tumultos internos, com todos unidos, todos focados para derrotar o PS” — aproveitando os meses de novembro, dezembro e janeiro para tal tarefa.

Mesmo assim, Rui Rio admitiu que perante o calendário anunciado pelo PR, está disponível para fazer ajustes no próprio calendário do partido, de forma a permitir que a situação interna se clarifique o mais cedo possível e, no sentido oposto, prejudique o mínimo possível o PSD nas eleições de janeiro. Como tal, está disposto a a antecipar o congresso — uma sugestão inesperada e que está em linha com o que Paulo Rangel tem vindo a defender. As eleições diretas do PSD estão marcadas para 4 de dezembro e o congresso para entre 17 e 19 de janeiro. Paulo Rangel já avançou com a proposta de o antecipar para entre 14 e 16 de dezembro, a qual será votada esta semana.

Fora da equação está, claro, a possibilidade adiar as eleições eleições internas. “Estão a dizer que, se fizer isso, se suspende a democracia e que tenho medo de eleições. Então, vou fazer um exercício — não sei se consigo, vamos ver se consigo — de comprimir isto tudo, diretas e congresso. Se se ganhar uma ou duas semanas é tempo que tiramos ao PS a nosso favor”, defendeu. Rio admitiu ainda que no Conselho Nacional desta semana não irá propor “pessoalmente” qualquer pedido de adiamento das diretas, já chumbado numa reunião interna dos sociais-democratas. Explicará, no entanto, o seu ponto de vista em relação aos “que estão com os nervos à flor da pele“.

Rui Rio reiterou ainda a sua legitimidade para ir a eleições, uma vez que o último congresso do PSD acabou a 9 de fevereiro de 2020, pelo que a data “normal” para a reunião do órgão máximo do partido deveria ocorrer um ano depois — apesar da proposta de Rio para a sua antecipação.

Sobre a possibilidade de ser o efetivo representante social-democrata nas eleições legislativas de 30 de janeiro e de perder face a António Costa, Rio assumiu que sairá da liderança do partido, em linha com o que tem dito aos militantes do partido. “Até porque a estratégia dos meus adversários não é muito inteligente: é evidente que ou sou primeiro-ministro depois desta eleição ou é a última eleição da minha vida“, atirou.

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Apesar dos apelos de Rui Rio para um clima de tranquilidade dentro do PSD (apesar das divergências políticas), este parece não chegar. Durante a noite, a PSP foi chamada à sede do partido depois de grupos de militantes se desentenderem a propósito do número de listas concorrentes à comissão política distrital da área metropolitana, avança a agência Lusa.

De acordo com a PSP, foi feita uma participação pelas 00h30 desta quinta-feira, em que o denunciante Pedro Fonseca disse ter-se dirigido à sede distrital do PSD, na terça-feira, para “entregar a lista de candidatura à comissão política do PSD”.

O prazo para a entrega de candidaturas terminava às 00h de quarta-feira. Mas esta quinta-feira, depois das 00h, Pedro Fonseca “dirigiu-se à sede a fim de aceder às restantes listas candidatas, ao que verificou que não existiam quaisquer listas além da sua”. A funcionária responsável pelas instalações da sede do partido, adianta a PSP, confirmou “os factos relatados”. Na terça-feira, Jorge Humberto Ramos Fernandes havia entregado, pelas 19h43, uma lista candidata à comissão política distrital da área metropolitana de Lisboa e à mesa da assembleia distrital, segundo a declaração de entrega de documentos do organismo.

“No estrito cumprimento do Regulamento Eleitoral do PSD, ontem dia 03 de novembro de 2021, às 19:43, eu acompanhado por mais três companheiros e uma companheira entregámos na sede do PSD Distrital de Lisboa a candidatura Lista X, para concorrer às eleições para a Comissão Política e para a Assembleia da Distrital”, escreveu Jorge Humberto na sua página do Facebook.

O militante adiantou que “até à meia-noite [quarta-feira] não tinha dado entrada nenhuma outra candidatura às eleições do próximo sábado”, reforçando que “a Lista X é a única lista que deve constar nos boletins de votos”. “Confirmei por telefone (registado) que, para as eleições marcadas para este sábado para os órgãos da Distrital de Lisboa do PSD, não houve mais listas a serem apresentadas, pelo que a Lista X é a única lista candidata às eleições para a Distrital de Lisboa do PSD.

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