Ricardo Araújo Pereira pensa em Marraquexe quando fala da crise política em Portugal

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José Sena Goulão / LUSA

Luis Montenegro fala aos jornalistas depois do debate da moção de confiança

15 dias, depois 30, depois 60 e, no fim, uma diferença de 10 dias impediu entendimento. PSD e PS a regatear o preço de um tapete.

Foi uma tarde única na história da política em Portugal: a moção de confiança apresentada pelo primeiro-ministro foi mesmo chumbada.

O Governo caiu mas, antes, houve muitos episódios particulares para contar, entre pedidos de suspensão do debate e a questão da duração da comissão parlamentar de inquérito que o PS queria fazer a Luís Montenegro, por causa da sua empresa familiar Spinumviva.

Ricardo Araújo Pereira sente-se presidente da Câmara Municipal de Marraquexe quando fala deste assunto: “Lembrei-me muito de Marrocos, ao ver PS e PSD regatear sobre a duração da comissão parlamentar de inquérito”.

Chegou a acreditar num entendimento: “Sei que o nosso país consegue ser ridículo, mas não tão ridículo: não é possível irmos para as terceiras eleições em três anos. Portugal surpreende sempre”.

O comentador explicou na SIC Notícias porque não estava a acreditar no que estava a acontecer naquele debate.

Teria compreendido se o Governo tivesse dito que fazer uma comissão parlamentar de inquérito ao primeiro-ministro “inviabiliza qualquer governação estável – porque o primeiro-ministro não pode estar a ser investigado enquanto está a governar”. Entenderia a postura de “não há comissão parlamentar de inquérito”.

Mas não foi isso que o PSD disse. Admitia a comissão mas que durasse apenas 15 dias. Mas o PS disse: “Não, 15 dias não pode ser. Só notificar as pessoas demora 10 dias”. Depois, o PSD tentou 30, depois 60 dias: “Pode ser 60? Dou-lhe uma, dou-lhe duas…”, ironizou Ricardo.

E ainda houve mais, depois do debate: Luís Montenegro disse que a proposta final do PSD era de “quase 80 dias”; mais tarde o ministro Castro Almeida confirmou a proposta de 80 dias.

“O PS queria 90. Por isso, nós vamos a eleições por causa de 10 dias“, resumiu Ricardo Araújo Pereira. Como se fosse a regatear pelo preço de um tapete marroquino.

ZAP //

2 Comments

  1. Parecia que o parlamento estava transformado num leilão ou numa venda de banha da cobra ou por que não no mercado da ribeira? Isto seria um assunto para ser tratado desta forma? O PM deve estar talvez feito a esta forma de negóciar quando se trata de “avençar”!. É simplesmente humilhante esta forma de estar na política!!!

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