Quando passou por Plutão, em 2015, a New Horizons tirou fotografias das costas deste mundo. Agora, após um longo processo de limpeza, as imagens revelaram alguns dos primeiros detalhes do “lado negro” do planeta.
Com uma pequena ajuda da lua Caronte, os cientistas do National Optical Infrared Astronomy Research Lab conseguiram obter registos do “lado negro” de Plutão, a parte do planeta que não recebe luz solar e que muito dificilmente pode ser observada.
A sonda New Horizons, da NASA, conseguiu observar o hemisfério sul do planeta graças a uma fraca iluminação refletida pela superfície gelada de Caronte, a sua maior lua.
Apesar de fraca, a “luz de Caronte” foi suficiente para os cientistas descobrirem detalhes do hemisfério sul de Plutão.
“Numa coincidência surpreendente, a luz de Caronte a incidir em Plutão é parecida com a da Lua na Terra, na mesma fase cada uma”, explicou Tod Lauer, astrónomo e principal autor do estudo, em comunicado.
Em 2006, a agência espacial norte-americana lançou a New Horizons com destino a Plutão. Após quase uma década de viagem, a sonda chegou ao planeta-anão, conseguindo captar imagens da sua superfície e das suas luas.
Recentemente, a equipa do National Optical Infrared Astronomy Research Lab conseguiu completar o álbum com imagens do lado oculto do mundo distante.
Segundo o grupo, o trabalho de recuperação dos detalhes da superfície de Plutão não foi fácil. Quando um dos instrumentos da New Horizons observou o planeta-anão, registou a luz dispersada do Sol, que produziu um padrão complexo de luz quase mil vezes mais forte do que o sinal produzido pela luz refletida por Caronte.
Além disso, a névoa atmosférica foi superexposta, produzindo ainda mais ruído nas imagens.
Depois de combinarem 360 imagens do “lado negro” de Plutão e outras 360 feitas com a mesma geometria, mas sem o planeta, os investigadores conseguiram uma imagem final só com a luz refletida por Caronte.
O resultado mostra as regiões e formações que se destacam, entre elas umas região crescente no oeste que não recebeu qualquer luz – quer a solar, quer a refletida pela lua – e uma grande área brilhante entre o pólo sul de Plutão e o seu equador.
Os autores suspeitam de que este último local seja um grande depósito de nitrogénio ou metano congelado.
Também é possível concluir que o pólo sul e a região à sua volta parecem estar cobertos por um material escuro, em contraste com os compostos que formam a superfície clara do hemisfério norte.
A diferença pode ser uma consequência do facto de Plutão ter completado recentemente o seu Verão meridional (que terminou 15 anos antes do sobrevoo). É possível que o nitrogénio e o metano congelados tenham sublimado, passando do estado sólido para o vapor, enquanto que as partículas escuras de névoa se instalaram sobre a região.
O artigo científico com todas as descobertas foi publicado no The Planetary Science Journal.
Plutão não é mais considerado planeta