Sem avisar, Montenegro esteve com Ventura e Rui Rocha. Reuniões “secretas” e “aberração”

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José Sena Goulão / LUSA

André Ventura e Luís Montenegro no Parlamento

Reuniões sobre o Orçamento do Estado não estavam na agenda. Não foram secretas, foram discretas, segundo o primeiro-ministro.

Luís Montenegro esteve nesta segunda-feira com André Ventura e Rui Rocha, respetivamente líderes de Chega e Iniciativa Liberal.

As reuniões sobre o Orçamento do Estado não estavam na agenda pública do primeiro-ministro.

O Chega não se pronunciou sobre esse encontro, mas Iniciativa Liberal confirmou o encontro entre Rui Rocha e Montenegro.

O encontro realizou-se no “âmbito da situação política e das negociações do Orçamento do Estado”.

O Livre indicou que não teve qualquer reunião com o primeiro-ministro em São Bento. Já o PAN referiu que não recebeu qualquer convite para uma reunião.

Pedro Nuno Santos, líder do PS, não sabia destas reuniões a que chamou secretas: “Nós soubemos isto, porque se soube. Não houve nenhum anúncio. Tal como o Governo queria fazer uma reunião secreta connosco na semana passada, fez duas reuniões secretas hoje de manhã”.

Pedro Nuno acha que o Governo pode falar com quem quiser, mas defendeu que “não pode continuar a fazer de conta que [o PS] é um parceiro preferencial. Ele não existe“.

Pedro Nuno Santos repetiu que “toda a ação do Governo parece indiciar a vontade de provocar umas eleições antecipadas”.

Referiu que “não podem estar todos a olhar para o PS”, como se fosse aquele partido “a desejar umas eleições, quando todos os atos deste Governo vão nesse sentido”.

Luís Montenegro diz que as reuniões foram discretas, não secretas: “Na residência oficial do primeiro-ministro não há reuniões secretas. O primeiro-ministro recebe entidades e personalidades de várias áreas, e também recebe líderes políticos, sobre temas de interesse nacional, que ocorrem muitas vezes com discrição e sem a presença da comunicação social”.

Mariana Mortágua defendeu que uma proposta orçamental negociada à vez entre a extrema-direita e PS “é uma aberração” e rejeitou uma política feita “sob chantagem, seja do Presidente da República, outra força ou instituição”.

Na RTP, Manuel Carvalho reforçou que “é muito difícil entender o que está a acontecer” entre Governo e oposição sobre o Orçamento, neste “jogo do empurra”. E pergunta: “Quem ganha com isto?”.

“Tudo isto parece um teatro. Até mais do que teatro: parece um jogo infantil, em que uns dizem aos outros ‘Agarrem-me, senão voto contra'”, continuou o comentador, que no entanto acredita – tal como Marcelo Rebelo de Sousa – que o Orçamento do Estado vai ser aprovado no Parlamento.

ZAP // Lusa

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