“Uma das piores semanas de sempre, parecia a pandemia”: a restauração na JMJ

José Sena Goulão / Lusa

Peregrinos durante JMJ Lisboa 2023

Balanços muito positivos num lado, muito negativos noutros. Segurança: 129 roubos por carteiristas – “Já esperávamos”.

A operação de segurança da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) decorreu “de forma exemplar”, considerou o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), que destacou o trabalho dos 16.000 operacionais no terreno.

”No passado dia 22 de julho iniciámos a maior operação de segurança alguma vez realizada em Portugal. A operação de segurança JMJ decorreu de forma exemplar. Para isso contribuíram cerca de 16.000 operacionais que garantiram a máxima segurança com o mínimo transtorno possível”, precisou Paulo Vizeu Pinheiro.

Em conferência de imprensa de apresentação do balanço da operação de segurança da JMJ, que decorreu em Lisboa entre terça-feira e domingo com a presença de milhares de pessoas e do Papa Francisco, o secretário-geral do SSI destacou “a sala de situação” criada para acompanhar ao minuto a JMJ e que estava instalada nas instalações do Sistema de Segurança Interna.

Nesta “sala de situação” trabalharam elementos das forças e serviços de segurança, Proteção Civil, INEM, sistema de informação, Forças Armadas e Infraestruturas de Portugal.

“Foram os olhos da águia que permitiu tudo articular ao nível operacional, estratégico e tático”, explicou, referindo o legado que vai ficar para o futuro.

“Assim como fica o Parque Tejo para os munícipes de Loures e Lisboa como equipamento social para o futuro, o SSI fica com um mecanismo que quando ativado liga o estratégico ao operacional e tático para os grandes eventos que venham ocorrer em Portugal no futuro”, considerou.

Paulo Vizeu Pinheiro realçou ainda que foi “fundamental a ‘intelligence’ e a cooperação internacional” que permitia fazer análise de risco e um controlo de fronteiras “direcionado e cirúrgico”.

Foram registados 149 crimes relacionados com o evento. A grande maioria (129) foram roubos por carteiristas. “Já esperávamos”, reagiu Magina da Silva, diretor nacional da Polícia de Segurança Pública, na mesma conferência de imprensa.

Mas não ocorreu qualquer ofensa corporal grave a qualquer peregrino e ninguém morreu vítima de um crime. Faleceu uma pessoa devido a uma queda numa casa de acolhimento.

Menos problemas

O padre João Chagas, responsável pelo setor da Juventude no Dicastério para os Leigos, Família e Vida, da Santa Sé, disse hoje que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa foi a que originou menos problemas.

“E posso dizer também, posso testemunhar, que foi a Jornada à qual, durante a semana da Jornada, eu, como responsável pelo setor jovem do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, recebi menos sinalizações de problemas”, disse o responsável numa declaração na sala de imprensa da JMJ, em Lisboa.

Lembrando que fez parte com o atual Papa Francisco das jornadas do Rio de Janeiro, Cracóvia e Panamá, além de Lisboa, João Chagas recordou as palavras do líder da Igreja Católica no domingo, de que foi a mais organizada de todas.

“O Papa disse ontem [domingo] que foi a mais organizada de todas, e eu posso testemunhar que foi a jornada na qual durante a semana eu recebi menos sinalizações de problemas e isso acho que é um dado muito interessante. Porque quando as delegações nacionais não conseguem resolver os problemas com o comité local eles vêm para nós, no Dicastério, para buscar algum tipo de ajuda, e se não vieram, ou vieram pouco, é porque conseguiram resolver os seus problemas”, disse, acrescentando que estão de parabéns a organização portuguesa da Igreja e as autoridades civis.

O dicastério é o equivalente a um ministério num governo civil.

“Até ao cêntimo”

O presidente da Fundação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), Américo Aguiar, assegurou que vai haver “transparência total do empenho e investimento” feito.

“Vamos dizer tudo até ao cêntimo“, comentou o padre, que agradeceu o “escrutínio” sobre o evento, num país livre.

“Estamos num país livre. A democracia em Portugal está perto de completar 50 anos, tal como eu. As pessoas devem manifestar-se, dizer que concordam, dizer que não concordam, devem ser livres nas suas expressões”, disse Américo Aguiar, numa conferência de imprensa sem direito a perguntas.

“Estamos todos convencidos da grandeza deste evento único e irrepetível para Portugal”, assegurou.

Restauração

No dia seguinte ao fim da Jornada, a Antena 1 passou pela Via do Oriente, junto ao Parque Tejo, palco principal do evento.

A ideia foi perceber como correram os últimos dias para quem trabalha na restauração: “A partir de sábado de manhã, foi a loucura. Foi uma festa. Trabalhámos até às 6h da manhã”, conta Rui Matos, proprietário de restaurantes, sublinhando: “Foram cervejas, cervejas, cervejas“.

Elisabete Nogueira, dona de pastelaria no local, dá “graças a Deus” por ter vendido “cerveja, cerveja, cerveja”. Foram 9 barris de cerveja vendidos no sábado, mais algumas paletes.

“Para mim, o Papa pode vir já na próxima semana outra vez!”, completou Elisabete.

Mas quem tem espaço em Lisboa, mas ficou mais afastado dos locais da JMJ, apresenta outra perspectiva: “Não correu nada bem. Tivemos uma das piores semanas de todos os tempos. Foi quase equiparado ao início da pandemia“.

Há um motivo para isto: “Não houve adesão nenhuma e os nossos clientes habituais foram embora”.

A JMJ, o maior evento da Igreja Católica, realizou-se pela primeira vez em Portugal entre terça-feira e domingo, juntando um milhão e meio de peregrinos no Parque Tejo no sábado e no domingo.

ZAP // Lusa

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