Reserva Especial de Maputo salva elefante bebé. É alimentada a biberão

Dar leite de biberão a uma elefante bebé não estava nos planos de Graeme Madsen, mas passou a fazer parte da rotina diária dele desde há 10 dias na Reserva Especial de Maputo (REM).

A cria de três meses não tem nome, porque nenhum dos quatro conservacionistas e tratadores quer ficar mais apegada ao animal. A elefante com meio-metro de altura já os segue por todo o lado, a aprender a usar a tromba para estabelecer contacto com o que está por perto e pede um biberão de leite de duas em duas horas.

A bebé foi encontrada pela população da aldeia de Zuali, dentro da área protegida, a poucos quilómetros da capital moçambicana, sem sinais da família, nem de caça furtiva, pelo que se suspeita que tenha ficado para trás, abandonada pela manada, diz Natércio Ngovene, chefe de fiscalização da REM.

“Depois de termos ficado um tempo junto a ele, já estávamos ali a fazer chamadas para encontrar ajuda para o pequeno elefante“, pois já ninguém queria que a natureza seguisse o seu curso mais cruel.

O animal estava muito fraco e desidratado, de acordo com o Diário de Notícias, até que chegou uma chamada “para o levar para o acampamento principal”, relata Natércio. Bebeu seis litros de fluidos e pouco a pouco tem vindo a recompor-se.

A estada será curta, uma vez que a reserva está a tratar da transferência da bebé elefante para um centro de espécies em risco em Hoedspruit, na África do Sul, onde encontrará um outro elefante da mesma idade. “Espera-se que possam crescer juntos e ser libertados num santuário” com mais elefantes, descreve Graeme, natural da África do Sul.

“Está tudo a correr tão bem que não queremos azarar. Depois dão-lhe o nome no santuário”, refere Megan Richards.

Dormem junto dela, porque à noite precisa do biberão de duas em duas horas e o leite em pó deve ser misturado com água à temperatura certa, nem muito quente, nem muito fria. É cansativo, mas recompensador ver o progresso da cria, “um animal bebé com o qual poucos humanos podem ter o privilégio de passar este tempo”, descreve, numa opinião partilhada por todo o grupo.

A alvorada é pelas 05h00 e a tarefa de quem convive com a pequena elefante consiste em mantê-la ativa durante o dia – especialmente ao nascer e pôr-do-sol, replicando o mais possível a vida de uma manada – passeios, banhos na lama e estímulos, com cheiros, formas e texturas onde a pequena paquiderme treina o uso da tromba.

Uma bola de futebol é um desses brinquedos, mas depois também chega a hora da sesta, porque gosta de dormir durante o dia. Perto do olho esquerdo notam-se cicatrizes, marcas de feridas que trazia quando foi encontrada, mas que “já estão a sarar”, o que “é bom sinal”. Prevê-se que durante a próxima semana a elefante siga para casa nova, mas com memórias de Moçambique.

O elefante é um animal em vias de extinção a nível global. A REM tinha 500 elefantes no último censo realizado em 2015 e estima-se que o número tenha crescido.

ZAP //

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