Há uma relação bizarra entre a gordura nos braços e a demência

O excesso de gordura corporal é amplamente reconhecido por aumentar o risco de vários problemas de saúde, como doenças cardíacas e diabetes. Agora, um novo estudo descobriu uma ligação entre a distribuição de gordura – especificamente nos braços e na barriga – e o risco de desenvolver demência.

A demência, um termo geral para as doenças neurodegenerativas, incluindo a doença de Alzheimer, está a tornar-se mais prevalente. Estima-se que, em 2050, 139 milhões de pessoas em todo o mundo sofrerão de demência.

Apesar da sua prevalência crescente, as causas exatas da demência continuam a não ser totalmente compreendidas. No entanto, um estudo publicado esta semana na revista Neurology, sugere que níveis elevados de gordura corporal na barriga ou nos braços aumentam significativamente a probabilidade de desenvolver demência.

“Os nossos resultados significativos sustentam a nossa hipótese de que não é apenas o peso absoluto da gordura e dos músculos, mas a sua distribuição e qualidade, que tem um impacto significativo no risco de desenvolver doenças neurodegenerativas”, atirou Shishi Xu, o autor principal do estudo, em declarações à BBC Science Focus.

O estudo envolveu mais de 412.691 participantes, dos quais 8.224 desenvolveram doenças neurodegenerativas, incluindo demência e Parkinson.

Depois de ter em conta outros fatores, como a tensão arterial elevada, o tabagismo, o consumo de álcool e a diabetes, os investigadores descobriram que os indivíduos com níveis elevados de gordura na barriga tinham 13% mais probabilidades de serem diagnosticados com doenças neurodegenerativas. Os indivíduos com níveis elevados de gordura nos braços apresentavam um risco 18% superior.

No entanto, os resultados também oferecem uma luz ao fundo do túnel. Os investigadores descobriram que uma força muscular elevada pode reduzir o risco da doença em 26%.

“O nosso estudo pode ajudar a construir uma cadeia causal mais abrangente para a relação entre o nosso corpo e o risco neurodegenerativo futuro”, explicou Xu. “Se, logo no início, conseguirmos modificar ativamente a nossa composição corporal, o nosso risco futuro de neurodegeneração também pode ser reduzido”.

Os investigadores sugerem que intervenções orientadas para a diminuição da gordura na barriga e nos braços podem ser mais eficazes para a proteção da neurodegeneração do que o controlo global do peso.

“Modificações como a prática de treino de resistência, a redução do comportamento sedentário e a adesão a uma dieta equilibrada podem reduzir eficazmente a gordura abdominal, bem como aumentar a força muscular, o que pode potencialmente oferecer maiores benefícios neuroprotectores do que os medicamentos anti-obesidade centrados no peso”, acrescentou o cientista chinês.

Embora não haja respostas definitivas, a hipótese dominante, segundo Xu, é que a acumulação de gordura no abdómen e nos braços parece ter um efeito tóxico e inflamatório noutros órgãos, incluindo o sistema cardiovascular. Os investigadores observaram que a ligação entre a gordura na barriga e nos braços e as doenças neurodegenerativas é parcialmente explicada pela ocorrência de doenças cardiovasculares, como as doenças cardíacas e os AVCs.

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