Com a maioria absoluta socialista, a relação entre Marcelo e Costa vai mudar. O Presidente da República vai passar a ser o “fiscalizador-mor do reino”.
Não seria a primeira vez que a relação entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa era alvo de críticas.
O Presidente da República é acusado de se colocar demasiado próximo do primeiro-ministro e, em entrevista ao DN, a investigadora do Instituto de Ciências Sociais (ICS-UL) Marina Costa Lobo definiu como “romance adolescente” a relação entre os dois.
Em janeiro do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa disse que teria com qualquer outro primeiro-ministro a mesma relação que tem com António Costa e considerou que esta coabitação foi uma escolha dos portugueses.
A verdade é que a relação entre ambos parece estar prestes a mudar, de acordo com conselheiros do Presidente e fontes próximas ouvidas pelo Observador. Marcelo deixará de ser o “garante da estabilidade” e vai passar a ser “uma espécie de watchdog da maioria absoluta de António Costa”.
Ao Observador, Luís Marques Mendes disse mesmo que Marcelo Rebelo de Sousa passará a ser o “fiscalizador-mor do reino”.
O Presidente terá agora um papel importante na “fiscalização de abusos e exageros que as maiorias absolutas tendem a ter”, entende Marques Mendes, acrescentando que o chefe de Estado será também um “impulsionador de reformas”.
Sistema eleitoral, reforma fiscal, justiça, saúde e educação serão as áreas visadas por Marcelo, detalha fonte próxima de Belém.
Com a maioria absoluta e perante uma lei aprovada por um só partido do Parlamento, as atenções mediáticas viram-se sempre para o Presidente. Como tal, Marcelo Rebelo de Sousa vai recorrer ao poder de veto para marcar a sua posição e policiar a governação socialista.
Apesar da relação aparentemente positiva entre ambos ao longo dos últimos anos, já houve desentendimentos.
Em junho do ano passado, António Costa disse que ninguém podia garantir que não se voltava atrás no processo de desconfinamento. “Se alguém pode garantir [que não se volta atrás no desconfinamento]? Não, creio que nem o senhor Presidente da República seguramente o pode fazer, nem o fez”, atirou Costa, na altura.
E Marcelo Rebelo de Sousa respondeu à altura: “Por definição o Presidente nunca é desautorizado pelo primeiro-ministro. Quem nomeia o primeiro-ministro é o Presidente, não é o primeiro-ministro que nomeia o Presidente”.
Agora, fonte próxima do Presidente, diz que “é óbvio que a relação não será igual”.
Na noite eleitoral, António Costa disse uma frase que passou algo despercebida, mas que antecipa possíveis animosidades entre os dois, com o primeiro-ministro a tentar manter Marcelo nos mesmos moldes:
“Quanto ao senhor Presidente da República o que esperamos todos é que continue a exercer o seu mandato presidencial e as suas competências próprias nos termos da Constituição, como tem habituado os portugueses a fazer e como os portugueses ainda há um ano renovaram a confiança no senhor Presidente da República para continuar a exercer. Não havemos de esperar outra coisa, com certeza”.
A relação entre Marcelo e Costa será assim feita de novas tensões, sentencia o Observador, salientando os diferentes papéis que cada um vai desempenhar.
É tempo de deixar de pôr água benta sobre o primeiro-ministro e passar a ser árbitro!
O papel do Presidente da República não é o de fazer oposição ao Governo. Não é!
Oposição por defeito por parte do PR é o que a direita (e quem a suporta), que foi enxovalhada nas eleições, espera do PR e no caso do PSD, exige. A direita aguarda ansiosamente que o PR suba a borda do comboio do ‘bota-abaixo’, típico da oposição rasca feita em Portugal. Parêntesis aqui para o Dr. Rui Rio que se desviou (e bem!) deste caminho muitas vezes, em nome de um bem maior.
É um escândalo pagar e suportar a máquina politica da oposição, quando esta assume (como irá assumir) que o seu único trabalho na AR é discordar do Governo (este ou outro qualquer). Para isso, coloco lá um bando de miúdos de 15 anos e pago-lhes em coupons do Mc Donalds. Ficava mais barato e os adolescentes nessa idade dão 10-0 a qualquer deputado. São autênticos Pros a discordar de tudo… mesmo que concordem.
Aquilo que eu, enquanto cidadão espero, é colaboração. Critica construtiva. Trabalho de equipa, de um monte de gente que vive às custas dos nossos impostos, para que o Portugal de amanhã, seja mais e melhor para os seus cidadãos, do que o Portugal de hoje. E não me escandaliza nada, que sempre que necessário o PR diga: Não! É esse o seu papel também.
Penso, escrevo e digo isto sem cor partidária, porque não tenho.
Se o Marques Mendes diz, pode acontecer – ou não!…