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“Reis do esperma”. Homens vendem e doam espermatozóides nas redes sociais (e a procura é surreal)

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São muitos os norte-americanos que têm vendido ou doado o seu esperma nas redes sociais. A procura pelo material tem sido cada vez maior, e os bancos não estão a dar conta desta nova realidade, que tem sido cada vez mais frequente desde que a covid-19 se espalhou pelo mundo.

“As pessoas estão fartas dos bancos de esperma”, disse Kyle Gordy, norte-americano que mora em Malibu, na Califórnia. Gordy investe em imóveis, mas passa a maior parte do tempo a doar o seu esperma gratuitamente.

Além disso, o norte-americano administra um grupo privado de quase 11 mil membros no Facebook, chamado Sperm Donation USA, que ajuda as mulheres a entrarem em contacto com vários doadores.

O norte-americano assume ao NYT que o seu esperma já gerou 35 filhos, e que neste momento “estão mais cinco a caminho”.

De acordo com o jornal americano, esta sempre foi uma realidade iminente, mas agora a pandemia está a criar uma escassez nos bancos de esperma e nas clínicas de fertilidade. Os homens pararam de ir doar com tanta frequência, porém a procura mantêm-se estável em alguns bancos e noutros tem até aumentado.

“Temos batido recordes de vendas desde junho em todo o mundo”, revela Angelo Allard, do Seattle Sperm Bank, um dos maiores bancos de espermatozoides do país.

Michelle Ottey, diretora do Fairfax Cryobank, outro grande banco de esperma, disse que a procura pelo catálogo online aumentou porque com a pandemia “as pessoas estão a ver que existe a possibilidade de haver uma maior flexibilidade nas suas vidas e no trabalho”.

Num momento em que o setor não está a conseguir dar resposta à procura, os doadores falam agora diretamente com os clientes.

“Pessoas querem esperma com formação universitária”

“O recrutamento de dadores é um desafio crescente”, disse Scott Brown, vice-presidente do California Cryobank.

Grande parte das pessoas querem espermatozoides inteligentes. É por isso que alguns dos grandes bancos de esperma se situam perto de faculdades de elite. “As pessoas querem esperma com formação universitária”, diz Rosanna Hertz, diretora de estudos femininos no Wellesley Colleg.

Contudo, num situação normal, um dador geralmente iria ao banco uma ou duas vezes por semana para produzir espermatozoides suficientes para vender a dezenas de famílias, o que com a pandemia já não acontece.

Outra razão pela qual os bancos estão a ter dificuldades em angariar esperma deve-se às regras rígidas da Food and Drug Administration. A instituição determinou que o esperma tem que ser colocado em quarentena durante seis meses após uma doação, e os homens têm que regressar ao local todas as vezes que um lote é libertado para fazer exames de sangue.

Apesar dos problemas, a procura por bebés em plena pandemia está a tornar-se insaciável.

No entanto, o preço do esperma permanece bastante alto e nem todas as famílias têm capacidade de ter o adquirir. Cada frasco de um banco premium pode custar até 1.100 dólares. O fornecedor garante que um frasco deverá ter entre 10 e 15 milhões de espermatozoides móveis. A cada mês, durante a ovulação, a mulher (ou o seu médico) abre o frasco e injeta o esperma.

A recomendação é comprar quatro a cinco frascos para cada criança desejada, já que a mulher pode demorar alguns meses a tentar engravidar, o que torna o processo ainda mais caro.

Os “reis do esperma”

Enquanto muitas famílias lutam por obter esperma oriundo dos bancos, milhares de mulheres tentam encontrar outra forma de serem mães.

Nos últimos seis meses, muitas pessoas juntaram-se a grupos do Facebook para procurar dadores, também conhecidos como os “reis do esperma”. Ao contrário do que acontece nos bancos de esperma, onde cada dador tem um limite de famílias para fazer doações, estes homens não têm essas barreiras e quase todos o oferecem gratuitamente.

Cada vez mais vão surgindo aplicações para encontrar dadores, como a Modamily e a Just a Baby, que estão cada vez mais a ser solicitadas.

Também existem grupos no Facebook com dezenas de milhares de membros – onde os homens publicam fotos de eles próprios, ou até com os seus próprios filhos, e anunciam as suas qualidades físicas e intelectuais mostrando-se assim interessados em doar o seu material reprodutivo.

Nesses grupos do Facebook, os homens considerados mais bonitos pelas utilizadoras são bombardeados nos comentários por dezenas de interessadas.

A maioria dos doadores especifica que irá fazer a doação através de inseminação artificial, inseminação natural ou até mesmo sexo. Contudo, a linha entre o altruísmo e torção sexual é bastante ténue e pode levantar questões de segurança.

Segundo o NYT, a maior parte dos dadores usam ferramentas de transporte de esperma relativamente baratas, como o Natal Donor, ou empresas de análise e armazenamento de esperma como o Dadi Kit.

“Os nossos bebés custaram 136 dólares cada um”

Kayla Ellis, é dona de casa e mãe de um bebé. Juntamente com a sua esposa encontrou o seu dador na aplicação Just a Baby, em 2019.

“Pudemos sustentar confortavelmente as crianças, mas não podíamos arcar com a pressão financeira absurda que os bancos de esperma iriam causar ”, disse Ellis, acrescentando que esta foi a principal razão para procurarem esperma noutro lugar.

Atualmente, Ellis tem uma conta no TikTok onde se dedica a falar sobre “como conceber um filho através da doação particular de esperma”. Na sua conta, possui mais de 91 mil seguidores, e agora, tanto Ellis como a sua esposa, estão grávidas do seu segundo filho. O doador foi o mesmo e o local onde o processo se desenrolou também: o Airbnb.

A influencer assume que “os nossos bebés custaram 136 dólares cada um”.

De acordo com o NYT, provavelmente, o dador mais famoso dos EUA é Ari Nagel, porque se dirige diretamente ao consumidor há mais de uma década. O professor doa o seu esperma com bastante liberdade e tem vários processos de paternidade.

O americano está atualmente no Zimbabué a fazer doações e depois vai para a Nigéria. Neste momento, 15 mulheres estão grávidas de Nagel nos Estados Unidos.

Ana Moura, ZAP //

9 Comments

    • E o pior é que o fundo genético começa a ser menor devido a isto, logo mais doenças genéticas, as consequências não são para agora mas no futuro quando os vários filhos biológicos e netos destes idiotas se cruzarem.

    • Joana Tem toda a razão, pelo relato vejo que há mulheres que desistem de ser seres humanos normais e optam por uma forma artificial, talvez por capricho, de se tornarem mães, isto em nada dignifica o ser humano e muito menos a classe feminina.

      • É verdade, mas não é um capricho único das mulheres. Há cada vez mais homens a recorrerem a bancos de óvulos e barrigas de aluger. Até temos um caso português muito conhecido – Cristiano Ronaldo.
        Além dos problemas genéticos, como referiu o Sr. Miguel, existem também os distúrbios psicólogos. Imagine a angústia de um dia de cruzar com o progenitor/a, uma irmã, um avô…
        Está-se a criar uma sociedade doente só para satisfazer os caprichos de alguns. Não somos cães, somos seres humanos.

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