Reino Unido considera fornecer asilo para jornalistas afegãos

Mutalib Sultani / EPA

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Dominic Raab, permitirá que jornalistas afegãos que trabalharam para os órgãos de comunicação do Reino Unido recebam asilo no país caso estejam a ser ameaçados pelos Talibãs.

“Reconhecemos a coragem dos jornalistas afegãos e dos que trabalharam incansavelmente para apoiá-los na busca pela liberdade de imprensa e na defesa dos direitos humanos. A vibrante media afegã é um dos maiores sucessos no Afeganistão nos últimos 19 anos e deve ser celebrada e protegida”, afirmou Raab esta sexta-feira, citado pelo Guardian.

Estas declarações surgem após organizações de media do Reino Unido, incluindo o Guardian, terem escrito uma carta aberta a Raab e ao primeiro-ministro Boris Johnson, expressando a sua preocupação com a segurança de muitos dos jornalistas que trabalharam para esses órgãos no Afeganistão.

Na carta, jornais e emissoras britânicas indicaram que a sua capacidade de manter o público informado sobre os acontecimentos no Afeganistão nas últimas duas décadas esteve “fortemente dependente da lealdade e compromisso dos jornalistas, tradutores e funcionários afegãos”.

A carta advertia que a luta no Afeganistão está a piorar e, com as forças do governo a perderem o controle do território para os Talibãs, há “temores reais de represálias” por parte do grupo “contra aqueles que trabalharam para organizações de media britânicas”, após a retirada das tropas norte-americanas e britânicas do país.

“Nos últimos anos, os Talibãs planearam uma campanha de assassinatos (…) contra repórteres”, como o jornalista Helmand Elyas Dayee, “assassinado no ano passado. O fotógrafo vencedor do prémio Pulitzer, Danish Siddiqui, foi morto no Afeganistão e o seu corpo mutilado sob custódia do Talibãs no mês passado”, referia ainda o documento.

Na sexta-feira, foi assassinado o diretor do centro de informações para a media do governo afegão. Citando o Ministério do Interior afegão, a agência France Presse relatou que os Talibãs atiraram em Dawa Khan Menapal dias depois de o grupo alertar que teria como alvo figuras do governo, em retaliação ao aumento dos ataques aéreos no país.

“Estamos comprometidos com a liberdade de expressão e a proteção de jornalistas imparciais, sejam eles freelancer ou afiliados a meios de comunicação privados (…). Eles são necessários num novo Afeganistão. A política é clara a esse respeito. Não sei se os jornalistas da administração de Cabul se enquadram nessa categoria”, afirmou Suhail Shaheen, porta-voz dos Talibãs.

Taísa Pagno //

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