Refrigerantes poderão ter “alertas de açúcar” como os maços de tabaco

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O diretor do Programa Nacional para a Diabetes defende que as bebidas com elevado teor de açúcar tenham uma referência aos malefícios que provocam, “tal como acontece com o tabaco e devia existir para o sal”.

“No mínimo, estas bebidas deviam ter uma referência para o mal que fazem“, disse José Manuel Boavida à agência Lusa, reclamando ainda o fim da publicidade aos alimentos cuja composição é comprovadamente prejudicial à saúde.

A posição de José Manuel Boavida vai ao encontro das recomendações que a Assembleia da República aprovou recentemente com vista à adoção de medidas de prevenção, controlo e tratamento da diabetes.

Uma destas recomendações é “a aprovação de legislação que desincentive o consumo de refeições, lanches, alimentos e bebidas pobres em nutrientes e com elevado teor de açúcar, de gorduras saturadas ou de sódio, e sejam principalmente destinados a menores de idade”.

“Não é possível continuarmos a ter refrigerantes com dois litros e com quantidades adicionadas de açúcar”, disse o especialista, que critica ainda a disponibilização de bebidas para crianças, com imagens extremamente coloridas e de super-heróis, bem como a compra fácil de açúcar e açucarados junto às caixas dos supermercados ou nas prateleiras mais visíveis.

Para José Manuel Boavida, “as leis que existem no tabaco e na regulação do tabaco vão ter de se aplicar a alimentos nocivos”.

O diretor do PND sublinha que “o que é importante é realçar que a má alimentação é tão má para a saúde como o álcool, o tabaco ou o sedentarismo”.

José Manuel Boavida não acredita que a resposta esteja na indústria, até porque “esperar que os industriais da alimentação se autorregulem é claramente deixar nas mãos deles uma inércia que se tem vindo a registar nos últimos anos”.

Assim, deve ser proibida a comercialização destes produtos com a oferta de brindes ou brinquedos, bem como a utilização de personagens e celebridades infantis na sua publicidade.

Deve igualmente ser impedida a publicidade destes produtos nas rádios e nas televisões, entre as 07:00 e as 22:00, e a sua venda ou disponibilização em meio escolar.

José Manuel Boavida sublinha a importância desta recomendação da Assembleia da República, recordando que é a segunda que o Parlamento faz, tendo a primeira abrangido a Sida.

Em Portugal, a diabetes matou, em 2012, 4.867 pessoas. Em 2000, tinham sido 3.133.

/Lusa

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