A verdadeira razão pela qual as pessoas partilham notícias falsas nas redes sociais

Um novo estudo revelou a razão pela qual as pessoas divulgam notícias falsas nos meios de comunicação social: simplesmente porque estão habituadas a partilhar informação, sejam elas verdadeiras ou não.

Embora “défices de raciocínio crítico e preconceitos partidários” sejam geralmente citados como as razões pelas quais as pessoas partilham notícias falsas, os autores do estudo, publicado na Procedings of the National Academy os Sciences acreditam que “a estrutura de partilha construída nas plataformas é mais importante”.

Um estudo anterior mostrou que algumas pessoas – especialmente as mais velhas – não verificam se algo é verdade antes de o partilharem. Outra pesquisa demonstrou que algumas pessoas partilham mais rapidamente notícias que sustentam a sua identidade e correspondem às suas crenças, independentemente de serem falsas.

Apesar de a equipa de investigação – composta por especialistas da Universidade de Yale e da Universidade do Sul da Califórnia – admitir que esses fatores contribuem para a disseminação de informação falsa, levantaram a hipótese de que podem não ser os únicos mecanismos que levam as pessoas a partilhar.

A equipa argumenta que “a partilha de desinformação faz parte de um padrão maior de partilha frequente de informação”.

Para chegarem a esta conclusão, o grupo analisou os hábitos de 2.476 participantes. Descobriram que as pessoas que partilhavam a maior quantidade de notícias falsas, também partilhavam mais notícias verdadeiras.

O estudo baseia-se em quatro estudos relacionados, conduzidos separadamente, todos com o objetivo de verificar a forma como a partilha habitual afeta a difusão de informação falsa.

No primeiro estudo, foram mostradas a 200 participantes oito histórias com notícias verdadeiras e oito com falsas, tendo-lhes sido perguntado se as partilhariam no Facebook. Os investigadores também mediram o quão forte era a sua partilha habitual nas redes sociais.

Como os investigadores esperavam, os participantes com hábitos de partilha mais fortes publicaram mais histórias, sem se preocupar tanto se eram verdadeiras ou não.

Os participantes com os hábitos mais fortes partilharam 43% das notícias verdadeiras e 38% das falsas, enquanto que os outros partilharam apenas 15% das verdadeiras e 6% das falsas. No total, os 15% dos participantes que mais publicavam nas redes foram responsáveis por 37% das notícias falsas partilhadas no estudo.

O segundo estudo, com 839 participantes, destinava-se a ver se os participantes seriam dissuadidos de partilhar com frequência depois de lhes ter sido pedido que considerassem a veracidade de uma determinada notícia.

Esse pedido diminuiu a partilha por parte dos participantes, embora tenha tinha menos efeito naqueles que tinham por hábito fazer publicações frequentes.

Nesse estudo, os participantes partilharam 42% das notícias verdadeiras e 22% das falsas. Os participantes que publicavam com mais frequência partilharam 42% das notícias verdadeiras e 30% das falsas.

O terceiro estudo, com 836 participantes, visava avaliar se as pessoas com fortes hábitos de partilha eram menos sensíveis a preconceitos partidários e partilhavam informações que não se alinhavam com os seus pontos de vista políticos.

Mais uma vez, os participantes mais habituais foram menos perspicazes quanto ao que partilhavam. Os que não foram convidados a avaliar previamente o conteúdo das notícias sobre política partilharam 47% das histórias que estavam alinhadas com a sua orientação e 20% das histórias que não estavam.

Mesmo quando lhes foi pedido que avaliassem primeiro o conteúdo, os participantes habituais publicaram 43% das histórias que se alinhavam com as suas opiniões políticas e 13% das que não o faziam. Em ambas as condições, as pessoas com menos hábitos de partilha publicaram 22% das notícias que se alinhavam com as suas opiniões e apenas 3% das que não o faziam.

No quarto estudo, os investigadores testaram se a alteração da estrutura de recompensa nos meios de comunicação social poderia mudar a frequência com que a desinformação era partilhada.

Os investigadores concluíram que os quatro estudos mostram que a partilha habitual é um fator importante na disseminação da desinformação. Os 15% de participantes que partilhavam com frequência foram responsáveis por entre 30% a 40% de toda a desinformação partilhada.

ZAP //

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