O músico angolano MCK apresentou esta terça-feira uma reclamação formal aos Serviços de Migração e Estrangeiros de Angola por ter sido impedido de “forma arbitrária” de sair do país, disse à Lusa o seu advogado, Luís Nascimento.
O rapper angolano MCK e um acompanhante preparavam-se para embarcar hoje no voo das 10h15 entre Luanda e o Rio de Janeiro, Brasil, onde iam participar no Festival Terra do Rap, que reúne músicos de língua portuguesa.
“Foi enviada uma reclamação pedindo uma explicação do que efetivamente se passa. Se existe alguma interdição de saída – que não foi apresentada na altura – e depois desse esclarecimento começaremos a trabalhar de imediato no sentido do levantamento de eventuais interdições arbitrárias”, explicou à Lusa Luís Nascimento, advogado que representa o músico angolano.
O advogado de Luanda, em contacto telefónico a partir de Lisboa, refere que a viagem em causa envolve custos relacionados com a compra de bilhetes, reservas de hotéis e pagamentos antecipados no Brasil o que “implica” os Serviços de Migração e Estrangeiros a providenciarem uma nova data de viagem para o grupo, pelo menos, até ao dia 26 de novembro, altura em que está programada uma atuação de MCK no Rio de Janeiro.
“Esses custos devem ser objeto de consideração por parte dos Serviços de Migração e Estrangeiros”, defendeu o advogado.
Para Luís Nascimento, a ordem que proibiu o embarque no aeroporto de Luanda tratou-se de um ato arbitrário exercício pelas autoridades angolanas.
“Os oficiais que se apresentaram não se identificaram e alegaram simplesmente o cumprimento de ordens superiores. Pediram os documentos e só os devolveram quando tiveram a certeza de que o voo que iam utilizar já tinha descolado. Esta é uma situação de puro arbítrio”, afirma o advogado de MCK.
O rapper, de 34 anos, formado em Filosofia, é autor de poemas que contestam o regime angolano e do álbum “É Proibido Ouvir Isto” tendo recentemente atuado em defesa dos ativistas políticos, detidos desde junho, que estão a ser julgados em Luanda, acusados do crime de rebelião.
“Os ativistas cívicos aqui em Angola estão a ser muito perseguidos. Atenção: eu estive a fazer um concerto com o Bonga – que teve muita repercussão a nível da imprensa local – favorável à libertação dos 15+2 e onde todos os recursos angariados foram para as famílias dos que estão detidos há mais de cinco meses. Já tive espetáculos impedidos. Enfim, sou um reincidente relativamente a proibições”, disse hoje à Lusa o músico MCK pouco depois de ter abandonado o aeroporto 4 de Fevereiro.
Até ao momento não existe qualquer explicação por parte dos Serviços de Migração e Estrangeiros de Angola sobre a proibição de embarque imposta ao músico MCK.
A Lusa tentou contactar estes serviços, mas até ao momento não foi possível.
/Lusa