Quinto apagão do ano deixou milhares de venezuelanos às escuras

Raul Martinez / EPA

A Venezuela começou, esta terça-feira, a recuperar gradualmente a energia, cerca de sete horas depois do quinto apagão do ano ter deixado às escuras pelo menos 16 dos 24 estados do país sul-americano.

Poucos minutos antes da meia-noite, a eletricidade começou a ser parcialmente restaurada em Caracas, assim como nos estados de Nueva Esparta, Bolívar, Táchira, Lara e Anzoátegui, informou o Governo.

Para ajudar a restaurar a luz em todos os estados, o Executivo decidiu suspender as atividades escolares e laborais esta terça-feira.

“Atenção! Para auxiliar no processo de reconexão do serviço elétrico nacional, as atividades laborais e escolares estão suspensas na terça-feira, 23 de julho”, informou o ministro da Comunicação venezuelano, Jorge Rodríguez, na rede social Twitter. “A menos que algo urgente o exija, recomendamos que fiquem em casa“, acrescentou.

Milhões de venezuelanos estiveram sem eletricidade desde as 16h40 locais, num corte devido, segundo Rodríguez, a um “ataque eletromagnético” contra a principal central hidroelétrica do país, que afetou quase todas as regiões.

“Os primeiros dados da investigação apontam para a existência de um ataque eletromagnético que procurou afetar o sistema de geração hidroelétrica de Guayana, o principal fornecedor deste serviço no país”, disse o ministro ao canal estatal VTV..

O presidente do Parlamento e líder da oposição, Juan Guaidó, culpou o Executivo pelo fracasso na gestão da eletricidade, área que é controlada pelos militares há uma década, quando os apagões começaram a ser frequentes.

“Tentaram esconder a tragédia com racionamento em todo o país, mas o fracasso é evidente: destruíram o sistema elétrico e não têm respostas“, escreveu, no Twitter, Guaidó, autoproclamado e reconhecido como Presidente interino da Venezuela por mais de 50 países.

Quinto apagão de 2019

Em Caracas, o apagão obrigou o metropolitano a ativar os protocolos para a retirada de pessoas e a suspender o serviço nas três linhas. Como parte da emergências foram ativados autocarros de passageiros.

Longas filas de viaturas, inclusive em sentido contrário – até na autoestrada -, pessoas aglutinadas à espera de autocarros, trabalhadores a tentarem regressar a pé para casa e utilizadores a queixarem-se das dificuldades no serviço ferroviário marcaram a tarde.

Um pouco por toda a cidade eram visíveis estabelecimentos comerciais e estações de abastecimento de combustível encerrados.

Através das redes sociais, utilizadores queixavam-se de dificuldades nas comunicações móveis no serviço de Internet.

O Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía, o principal do país e que liga a cidade de Caracas ao estrangeiro, foi também afetado pelo apagão.

Em 26 de abril, uma outra falha elétrica mergulhou 12 dos 24 estados na escuridão, total ou parcial, com a imprensa local a noticiar interrupções no abastecimento de energia nos estados de Zúlia, Carabobo, Miranda, Arágua, Monágas, Falcón, Anzoátegui, Táchira, Sucre, Lara, Barinas e Mérida.

Na Venezuela são cada vez mais frequentes e prolongadas as falhas no fornecimento de eletricidade: a 7 de março, uma falha na barragem de El Guri deixou o país às escuras durante uma semana.

A 25 de março, verificou-se um novo apagão, que afetou pelo menos 18 dos 24 estados, incluindo Caracas, que estiveram às escuras, total ou parcialmente, pelo menos durante 72 horas. Quatro dias depois, pelo menos 21 estados ficaram sem eletricidade durante 24 horas.

A 1 de abril, a Venezuela ativou um programa de racionamento de eletricidade que, segundo o ministro de Energia Elétrica, Igor Gavidia, poderia “prolongar-se por um ano“. Como parte do racionamento, algumas regiões têm apenas 12 horas de eletricidade ao dia.

Devido aos apagões, as atividades laborais diárias realizam-se em horário reduzido, até às 14h00 e as educativas até às 12h00.

ZAP // Lusa

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