Quinta vaga é um cenário real, admitem especialistas. Óbitos deverão continuar baixos

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Especialistas defendem o aceleramento do processo de administração de doses de reforço junto dos mais idosos — grupo mais vulnerável —, mas também junto de outros grupos aos quais estão associados elevados níveis de transmissibilidade e de infeção.

Num ensaio académico publicado esta segunda-feira da autoria de Manuel Carmo Gomes e Carlos Antunes, ambos professores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, os primeiros dados relativos à atividade pandémica em Portugal no início de novembro sugerem que o país está perante um ressurgimento da pandemia da covid-19, o qual poderá traduzir-se num duplicar de casos a cada 30 dias aproximadamente. Isto quer dizer que na primeira quinzena de dezembro se registarão uma média de 2000 infeções diárias.

“É previsível que, neste Outono e Inverno em que agora entramos, continuemos a ter uma incidência diária de várias centenas de casos e um pequeno número de óbitos“, pode ler-se na produção académica, citada pelo jornal Público. Ainda assim, apontam os investigadores, não é esperado que este números se traduza numa “pressão sobre o sistema hospitalar equiparável ao período pré-vacinação”.

Manuel Carmo Gomes e Carlos Antunes defendem, por isso, a aceleração do processo de reforço de vacinação aos mais idosos, principal grupo de risco. “O reforço vacinal dos mais idosos nas próximas semanas, se suficientemente rápido, deverá compensar o decaimento da proteção que tinham obtido por vacinação no início do ano, permitindo que atravessem o inverno com baixa probabilidade de contrair doença grave“. Os especialistas sugerem ainda que o processo de reforço de doses nos grupos que estão associados a taxas de infeção e transmissibilidade mais elevadas.

No ensaio, é ainda abordada a questão da eficácia das vacinas, sobretudo alguns meses após a sua administração e perante a variante Delta, a qual não havia sido identificada quando as vacinas estavam a ser desenvolvidas.

“As vacinas mantêm-se altamente protetoras contra doença grave, mas a sua efetividade contra infeção pela variante Delta do vírus (incluindo assintomática ou com sintomas leves) é inferior a 80% e decai com o passar do tempo. Por exemplo, os dados relativos à vacina mais administrada em Portugal (Comirnaty, Pfizer), mostram que em setembro ocorreram 1,7 infeções por cada 100 pessoas que tinham sido vacinadas em Julho, enquanto para os vacinados antes de março ocorreram 3,9/1000 infeções”, explicam.

Finalmente, os dois académicos asseguraram que “o declínio da carga viral após infeção nos indivíduos vacinados aparenta ser mais rápida do que nos infetados”, ao passo que “a vacinação reduz substancialmente o impacto hospitalar da doença.

“Tudo indica que ó a combinação de elevada cobertura vacinal com a manutenção de medidas não farmacológicas, destacando-se o uso de máscaras e o arejamento de espaços de espaços fechados, pode retardar significativamente o atual ressurgimento” da pandemia, acreditam os autores que, mesmo assim, afastam a possibilidade do país estar “numa situação de normalizada de infeção endémica”, semelhante à de outros vírus.

“As infeções pelo SARS-CoV-2 ainda representam um peso significativo para a sociedade e para os serviços de saúde, com destaque para o absentismo, a testagem, isolamento de casos rastreamento de contactos e hospitalizações. O pior já passou, mas a nossa convivência com o SARS-CoV-2 ainda não é pacífica”, reforçam.

ZAP //

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