Quem tem muitos irmãos tem mais falhas cognitivas

As crianças provenientes de famílias maiores têm desempenhos piores, na escola. Um novo estudo mostra que a redução do número médio de filhos por família beneficia o desenvolvimento cognitivo das crianças. Recursos parentais limitados e atenção dividida entre mais filhos contribuem para essa tendência.

No espaço de dois séculos, o número médio de filhos por família, nos Estados Unidos da América (EUA), diminuiu drasticamente – de sete em 1800, para menos de dois em 2018.

Um novo estudo, publicado recentemente na American Sociological Review e detalhado pelo Big Think sugere que esta estatística é positiva para o desenvolvimento cognitivo das crianças. Mas porquê?

Os investigadores da Universidade de Maryland (EUA) concluíram que ter muitos filhos tende a escassear os recursos das famílias, deixando, nalguns casos, os pais com menos tempo, energia e dinheiro, para dedicar ao desenvolvimento de cada criança.

Os investigadores testaram, ao longo de 30 anos, os filhos de mais de 6.000 famílias, a fim de se acompanhar o seu desenvolvimento cognitivo.

Além disso, os pais também foram periodicamente solicitados a avaliar o comportamento dos filhos, com testes apropriados para a idade.

Na análise dos resultados chegou-se à conclusão que quanto maior a família, menor a pontuação cognitiva média das crianças.

Além disso, os irmãos mais novos obtiveram pior pontuação, sugerindo que os pais disponibilizam cada vez menos tempo para o desenvolvimento das crianças, à medida que tempo e dinheiro ficam escassos com filhos extras.

Contudo, os pesquisadores também descobriram que as capacidades cognitivas dos mais velhos se deterioram à medida que vão tendo mais irmãos. Esse efeito enfraquece para irmãos nascidos mais tarde.

“Os filhos mais velhos verificaeam as maiores reduções, porque perderam a maior atenção parental (…) Como os recursos parentais se tornam cada vez mais restritos com o crescimento do tamanho da família, é provável que as crianças recebam cada vez menos recursos”, porque deixa de haver para todos, explicou a equipa de investigação, citada pela Big Think.

Apesar da ideia popularmente generalizada de que ter apenas um filho é bom para o desenvolvimento cognitivo e comportamental dessas crianças, para não crescerem “sozinhas”, os dados desta investigação parecem não apoiar essa suposição.

Miguel Esteves, ZAP //

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