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Boomers vs millennials. Afinal, quem são os culpados pela falta de mão-de-obra no mercado norte-americano?

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Com a pandemia, muitos cidadãos mais velhos optaram por se reformar de forma a conseguirem resguardar-se dos riscos do vírus.

Após os Estados Unidos terem conseguido ultrapassar os meses mais negros da pandemia, o muito aguardado regresso aos escritórios e à normal atividade económica ficou marcado por um fenómeno que poucos previram: uma onda de demissões em grande escala que desfalcou a força de trabalho norte-americana. Há vários motivos que podem ajudar a explicar este desejo dos trabalhadores, mas é comum ver-se, sobretudo por parte dos mais velhos, um apontar de dedo aos mais jovens, os quais acusam de não quererem trabalhar e de viverem à custa dos apoios federais.

No entanto, os números dizem algo diferente. Na realidade, o grande desfalque no mercado de trabalho tem sido protagonizado precisamente pelos mais velhos, cuja reforma antecipada se tornou um caminho óbvio face à existência da covid-19. No duelo geracional direto, aponta a CNN, os boomers reformados, e não os millennials, são os principais responsáveis pela diminuição do número de trabalhadores ativos.

Para além do abandono do mercado de trabalho, é de realçar o facto de estes indivíduos dificilmente regressarem ao ativo – algo que poderia acontecer com os mais jovens, apenas desejosos de uma pausa ou de um ano sabático.

Segundo a mesma fonte, em novembro e comparando com números de 2019, mais 3.6 milhões de norte-americanos deixaram de ter uma ocupação profissional e afirmavam não querer um emprego. Destes, 90% tinha mais de 55 anos.

De acordo com os especialistas – sobretudo economistas –, há algumas razões para este cenário. Primeiramente, o comportamento positivo e forte da bolsa de valores e a subida dos preços das casas, o que tem dado mais opções às pessoas com maiores rendimentos, sobretudo as mais velhas. Simultaneamente, pela natureza do vírus que causou esta pandemia, as pessoas com mais idade são, tendencialmente, as mais atingidas, pelo que ir trabalhar constitui um risco. E, não menos importante, a pouca atratividade das ofertas de emprego disponibilizadas pelas empresas, que acabam por dissuadir esta fatia da população.

A própria Casa Branca já reconheceu que o problema das reformas está a distorcer a forma como a opinião pública norte-americana está a encarar a economia do trabalho e próprio problema dos números crescentes das demissões.

Jared Bernstein, membro Conselho Económico de Joe Biden — que tem como objetivo aconselhar o presidente —, afirmou que assim que os trabalhadores não considerados na idade da reforma são excluídos das métricas usadas, emerge uma ideia muito mais clara de como a recuperação do trabalho está a acontecer.

Ainda assim, há sinais de inversão desta tendência, ou seja, de que a escassez da mão-de-obra está a diminuir. Isto porque assiste-se, por estes dias, a um regresso dos reformados ao mercado de trabalho. Segundo os dados traçados pelos economistas, os números de “não-reformados” desceu para 2% no início da pandemia, mas recentemente subiram para 2.6%.

Ao contrário do que seria de esperar, fazer com que as pessoas regressem ao mercado de trabalho não é algo necessariamente cruel, já que, como foi referido, muitas escolheram reformar-se não por o desejarem, mas por receio do vírus e por pretenderem garantir a sua integridade física, mas também por não conseguirem um emprego cujos benefícios ultrapassassem os riscos.

ZAP //

2 Comments

  1. O autor desta notícia fechou os olhos ao motivo que tem mais contribuído para esta situação?
    O governo federal paga semanalmente centenas de dólares, como apoio Covid, e a maioria das pessoa que recebe este apoio -milhões de pessoas – ganham mais, igual ou pouco menos do que se trabalhassem.
    Então as pessoas ficam em casa.

    Tal problema não se nota nos estados republicanos onde esse apoio é nulo.
    Porque será?

    Menos propaganda e mais informação.
    Grato.

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