Quem paga a água usada para apagar os incêndios?

Miguel Pereira da Silva / LUSA

Residentes combatem um incêndio na zona industrial de Nelas

Governo e empresas gestoras vão ajudar na fatura, se esta se provar excessiva.

Não há forma de calcular quanta água realmente se gasta no combate aos incêndios.

Mas os cidadãos que comprovarem um aumento significativo no consumo de água devido aos incêndios que assombraram o Norte e Centro de Portugal nos últimos dias vão ter a possibilidade de ver as suas faturas ajustadas, através de uma nota de crédito.

As entidades responsáveis pelo abastecimento de água, como a Águas do Norte e a Águas da Região de Aveiro (AdRA), demonstraram solidariedade com as comunidades afetadas e anunciaram medidas para aliviar o impacto financeiro sobre os residentes que usaram e abusaram da água para salvar as suas propriedades — e, muitas vezes, as suas vidas.

A empresa vai divulgar, na sua página, o formulário que os clientes devem preencher se acharem que terão direito ao apoio. O pedido será avaliado e, caso aceite, será emitida “uma nota de crédito sobre o valor correspondente ao volume de água que se considere inusual ou excessivo”.

A Águas do Norte confessa ao Jornal de Notícias que “irá disponibilizar aos utilizadores finais que comprovadamente demonstrem o acréscimo de consumo resultante do combate aos incêndios nos municípios em causa a possibilidade de se proceder a uma correção parcial das faturas no volume correspondente a esse acréscimo”.

Os bombeiros também não vão pagar a água. A AdRA esclareceu que as corporações de bombeiros, que usaram grandes quantidades de água dos sistemas públicos, não terão qualquer custo associado.

O Governo, que garante a manutenção da qualidade da água, deu ainda conta da existência de 500 milhões de euros da União Europeia destinados a cobrir prejuízos com os fogos. Mas pediu ao povo: calma no consumo.

“É muito importante que as pessoas percebam que nunca estará em causa a qualidade da água”, frisou o secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa , à Lusa, alertando para a possibilidade de restrições no serviço caso ocorra a contaminação das águas da bacia do Vouga com cinzas e lamas resultantes dos incêndios.

Em paralelo, foi comunicado que as populações e empresas das zonas afetadas pelos incêndios, ocorridos entre 15 e 20 de setembro, terão até 30 de setembro para regularizar as suas obrigações fiscais sem penalidades.

A extensão dos danos causados pelos incêndios é alarmante. No município de Oliveira de Azeméis, cerca de 25% da área florestal foi destruída. Em Gondomar, cerca de 17%. As estimativas neste último município apontam para prejuízos superiores a 10 milhões de euros devido à destruição de cerca de três mil hectares de floresta.

ZAP //

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