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Mesmo quando urinava para um aquário numa adolescência rebelde, nunca deixou de defender os ideias conservadores. Não se junta à AfD, mas há quem o acuse de aproximação. Quem é e o que quer Friedrich Merz?
Nasceu em 1955, no seio de uma família conservadora de Brilon, no centro da Alemanha.
Desde os tempos da escola que milita na CDU, a União Democrática-Cristã, onde integra a ala mais conservadora. Mas define-se como um rebelde (na infância, pelo menos).
De acordo com a BBC, são vários os relatos que faz da sua adolescência: jogava cartas durante as aulas e até conta que, numa festa com amigos, urinou para um aquário.
Gosta de cerveja, e talvez por isso mesmo decidiu explicar as ideias que tinha sobre a simplificação da declaração do IRS com… uma base de copos: queria simplificar o sistema tributário de forma a que coubesse numa simples base para cervejas. Como exemplo, escreveu ele próprio, num icónico momento em 2003, uma declaração de IRS num destes pequenos objetos, ainda hoje exposto num museu da cidade de Bona.
Desde sempre teve interesse na política, e destacou-se também pelas suas opiniões inflexíveis sobre os imigrantes e a economia, sobre os quais é bastante conservador.
Foi eleito para o Parlamento Europeu em 1989, aos 33 anos, e depois desse mandato acabou por ser eleito deputado pela CDU para o Bundestag, o parlamento alemão.
Em 2000, perdeu para Angela Merkel na liderança do partido. Foi a gota de água para os dois conservadores, que tinham já uma inimizade latente — um muito mais tradicional, defendia os valores mais antigos e conservadores, e outra a defender uma abertura mais liberal. Em 2002, Merz foi afastado do cargo de líder da oposição no Bundestag em favor de Merkel.
Os conservadores fizeram a sua escolha: preferiram Merkel, e Merz afastou-se durante 9 anos da política.
Mas, de acordo com a CNN, foi durante esse período que se tornou um milionário: trabalhou como advogado e consultor sénior na firma de advogados internacional Mayer Brown, entre outros cargos de prestígio. É um verdadeiro homem de negócios.
De volta à política, tentou (novamente sem sucesso), depois do fim do mandato de Merkel, candidatar-se duas vezes à liderança do partido.
Desde então, tem sido deputado no Bundestag, onde o mês passado se aliou ao partido de extrema-direita, AfD, para fazer aprovar uma moção não vinculativa sobre regras de imigração mais duras. A situação valeu-lhe uma dura crítica da própria Angela Merkel, que raramente comenta política atualmente.
Na verdade, são muitos os que apontam o dedo a Merz por se aproximar, por vezes, da direita ainda mais conservadora. Nos anos 90, por exemplo, tinha já votado contra um projeto de lei que incluía a criminalização da violação conjugal. E ainda há pouco mais de 2 anos defendia que os refugiados ucranianos praticavam “turismo social” (expressão pela qual acabou por pedir desculpa). Agora, defende o apoio militar à Ucrânia.
As sondagens sugerem que não é especialmente popular entre os jovens e as mulheres, mas o também deputado da CDU Klaus-Peter Willsch acredita que a imagem que os media alemães fazem dele é injusta. “Tive-o várias vezes no meu círculo eleitoral”, diz-me. “Depois, as mulheres vêm ter comigo e dizem que é um tipo simpático.”
A própria mulher de Merz, Charlotte Merz, veio em defesa do marido: “o que algumas pessoas escrevem sobre a imagem que o meu marido tem das mulheres não é verdade”.
Insiste que não governará lado a lado com a AfD, venha o que vier. Por agora, resta aguardar pelo resultado das eleições, que vão decorrer este domingo.
Por agora, as sondagens apontam-no como o provável vencedor, com 29,1% das intenções de voto, bem acima dos 20,9% da AfD, e ainda mais acima do partido do cahanceler Olaf Scholz, o SPD, o outro partido centrista que, por agora, reúne apenas 15,6% das intenções de voto.
“Em 2000, perdeu para Angela Merkel na liderança do partido” — como a História seria diferente se tivesse ganho em 2000. Quem sabe, a Alemanha não teria cometido tantas calinadas políticas.