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Porque é que (quase) ninguém gosta da “nova” Meghan Markle?

A nova série de Meghan Markle estreou na Netflix, mas o resultado não está a ser o esperado. “With Love, Meghan” mostra a esposa do Príncipe Harry como uma dona de casa dedicada, nada desesperada, tão perfeita que não parece verdade.

Já é possível ver na Netflix Portugal a nova série de Meghan Markle. Nos oito episódios de “With Love, Meghan”, é possível acompanhar a antiga actriz a cozinhar refeições, a fazer bolos, a decorar donuts, a arranjar flores e até a colher mel como uma apicultora.

É uma “nova” Meghan que volta, realmente, aos tempos em que era uma simples plebeia, antes de ter conhecido o Príncipe Harry, quando estava à frente do blogue de lifestyle “The Tig”.

Neste regresso ao passado, Meghan parece procurar uma “estrada segura”, seguindo uma receita que lhe trouxe sucesso, como analisa a professora de marketing Pauline MacLaran que dá aulas na Universidade Royal Holloway em Londres, em declarações citadas pelo canal público francês France24.

“Ela tentou algumas coisas diferentes, mas não teve sucesso, por isso está a tentar novamente com uma abordagem diferente“, sublinha a professora.

Não estamos em busca da perfeição. Estamos em busca da alegria”, diz Meghan, a dada altura, no trailer da série divulgado pela Netflix. Mas do ponto de vista do espectador, parece precisamente o contrário – e, sobretudo, que é tudo demasiado perfeito para ser real.

É “de arrepiar os cabelos”

A série de Meghan apresenta-se como um acto de “amor”, conforme sublinha o título, mas, realmente, quem parece desesperadamente buscar o amor é a própria Meghan.

Ela esforça-se tanto por ser simpática e perfeita que nada soa a verdadeiro, sobrando “uma tristeza vazia e exagerada”, conforme analisa a jornalista Chitra Ramaswamy no The Guardian.

Cada um dos oito episódios da série tem um convidado, por exemplo o artista de maquilhagem Daniel Martin, a actriz Mindy Kaling e o chef Roy Choi, todos amigos de Meghan.

As cenas sucedem-se entre a cozinha e o jardim, com Meghan a fazer arranjos florais e velas caseiras, a colocar conservas em frascos, a perfumar toalhas com lavanda, a organizar frutas em arco-íris, a espalhar flores comestíveis por todos os pratos, a colher mel, a fazer massa e até a preparar elixires para alergias.

Pelo meio, vai soltando tiradas inspiradoras… ou nem por isso. “Quando penso em mel, penso em abelhas”, diz a dada altura.

É “de arrepiar os cabelos”, desabafa Chitra Ramaswamy que resume a série a uma “viagem de ego que não vale a pena”.

Fãs decepcionados

A série foi filmada numa quinta no sul da Califórnia, mas não é onde Meghan mora com o Príncipe Harry e os dois filhos. Uma decepção para vários espectadores, e mais uma prova de que nada parece real na série.

“Se ao menos tivesse sido filmado na sua própria mansão, pareceria um pouco mais autêntico“, desabafa uma subscritora da Netflix.

Meghan justificou, em entrevista à revista People, que não filmou na sua própria casa porque quer “proteger” esse “porto seguro”. Além disso, “uma equipa de mais de 80 pessoas, é muita gente para ter em casa”, sublinhou.

Outra decepção para muitos fãs dos Duques de Sussex, o título real de Meghan e Harry, é o facto de o Príncipe quase não aparecer. Na verdade, aparece apenas de forma breve no último episódio.

Mas Meghan vai revelando, ao longo da série, que, como os comuns mortais, Harry adora bacon e frango frito, e que põe sal em tudo

“Viagem bizarra ao centro do nada”

A Netflix pagou cerca de 100 milhões de dólares a Meghan e a Harry pela produção de vários conteúdos. Foi no âmbito deste acordo, que foi lançada a série documental “Harry & Meghan” em 2022.

Harry também fez duas séries desportivas, uma sobre o pólo e outra sobre os Jogos Invictus. E também lançaram “Live To Lead” (Vive para liderar), que homenageou influentes líderes mundiais.

Porém, o sucesso alcançado com estas séries não foi o esperado. As expectativas para “With Love, Meghan” estão, assim, em alta. Pode ser a última tentativa de Meghan de manter o seu lugar de estrela aos olhos do público.

Contudo, a crítica está a arrasar a série, considerando que é “enjoativa” e que “visitar os Sussex pode não ser uma experiência divertida”, como sublinha o The Independent.

“É uma viagem bizarra e completamente perturbada ao centro do nada”, e é “penosamente defensivo”, com Meghan “constantemente preocupada com o que as pessoas vão pensar”, analisa a crítica de televisão Kathryn VanArendonk no portal de notícias de entretenimento Vulture.

Realmente, “parece um membro da família real britânica: com medo de mostrar vulnerabilidade, obcecada pelas aparências e à procura de afirmação de um público do qual não pode fazer parte”, conclui a crítica de televisão.

A série “existe como uma espécie de celebração de todas as coisas da Duquesa de Sussex”, e “nenhum elogio parece ser suficiente”, considera ainda Daniel D’Addario na revista Variety, salientando que faz “lembrar o guarda-roupa de Meghan: bem cortado e bege”.

Mas, bem vistas as coisas, “independentemente do que faça”, Meghan Markle “é criticada”, como repara a professora de marketing da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, Finola Kerrigan.

Susana Valente, ZAP //

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