Quanta energia escura há no Universo? Novo estudo fez as contas

(dv) UC Davis

Investigação envolveu uma técnica baseada em aglomerados de galáxias para chegar a estes números.

A ideia não é nova. Sai reforçada com este novo estudo, publicado no The Astrophysical Journal.

Novas descobertas confirmam que a energia escura compõe cerca de 69% do Universo, deixando 31% para a matéria, quer normal quer escura.

Os astrónomos Mohamed Abdullah e Tomoaki Ishiyama e a sua equipa utilizaram uma técnica baseada em aglomerados de galáxias para chegar a estes números, aprimorando a nossa compreensão da expansão do Universo.

Durante anos, a misteriosa força conhecida como energia escura tem intrigado os cientistas. Considera-se que seja a força motriz por detrás da expansão acelerada do Universo.

Estimativas actuais têm consistentemente encontrado que a energia escura compõe cerca de 70% da densidade de matéria-energia do Universo, lembra o Science Alert.

Por outro lado, a matéria, que inclui tudo o que é visível, como estrelas e galáxias, bem como a elusiva matéria escura, compõe os restantes 30%.

Mohamed Abdullah esclareceu que, do total de matéria, apenas cerca de 20% é matéria bariónica ou “regular”. A esmagadora maioria, cerca de 80%, é matéria escura, uma entidade misteriosa que apenas interage através da gravidade e é de outra forma inobservável.

Para medir estas proporções, os investigadores utilizaram aglomerados de galáxias, estruturas massivas que demoraram cerca de 13,8 mil milhões de anos a formar-se e são influenciadas pelas matérias normal e escura.

Analisaram a massa destes aglomerados utilizando um método chamado técnica GalWeight, que leva em conta o número de galáxias em cada aglomerado. O método permitiu aos cientistas estimar a massa global dos aglomerados na sua amostra.

Os investigadores conduziram então simulações numéricas com proporções variáveis de energia escura e matéria.

A melhor correspondência aos aglomerados de galáxias observados indicou um Universo composto por 31% de matéria, ficando perto de medições anteriores.

Estas descobertas também corroboram outros métodos de estudo da densidade de matéria-energia do Universo.

A astrónoma Gillian Wilson explicou que a abundância de aglomerados de galáxias é sensível às condições cosmológicas e, particularmente, à quantidade total de matéria, tornando-os um método fiável para estas medições.

O estudo não apenas aprimora a nossa compreensão da composição do Universo, mas também fornece dados valiosos sobre a sua expansão.

Conhecer as proporções de energia escura e matéria poderá ajudar os cientistas a prever o destino do Universo — se continuará a expandir-se indefinidamente ou acabará por contrair-se num “Big Crunch”.

“Este trabalho demonstra ainda que a abundância de aglomerados é uma técnica competitiva para restringir parâmetros cosmológicos,” disse Tomoaki Ishiyama, acrescentando que as descobertas estavam em excelente concordância com as obtidas pela equipa Planck, utilizando métodos de fundo de micro-ondas cósmico.

À medida que a comunidade de investigação se aproxima de fixar estes parâmetros elusivos, o estudo serve como um marco na nossa busca para entender o cosmos.

ZAP //

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