Uma equipa de cientistas desvendou o revestimento dos pterossauros, répteis voadores que viveram na Terra na mesma altura que os dinossauros.
Os pterossauros viveram entre há 230 milhões e 66 milhões de anos lado a lado com os dinossauros – que surgiram e desapareceram por volta da mesma altura. Estes répteis terão sido os primeiros vertebrados adaptados ao voo ativo.
Há muito tempo que se suspeitava que os pterossauros tinham um tipo de pêlo no seu revestimento chamado “picnofibras” – estruturas que revestiam a pele ou as penas. Mas não se sabia se este revestimento se assemelhava mais à cobertura dos mamíferos ou às penas das aves, que descendem de dinossauros.
Suspeitava-se ainda que os pterossauros não tinham penas como as das aves e dos dinossauros. “Os pterossauros foram os primeiros vertebrados a conseguir um verdadeiro voo ativo, mas na falta de representantes vivos muitas questões relativas à sua biologia e estilo de vida permaneciam por resolver”, disseram os cientistas no artigo publicado a 17 de dezembro na revista Nature Ecology & Evolution.
Para se saber mais sobre os pterossauros, analisaram-se dois exemplares da família Anurognathidae que viveram entre há 160 milhões e 165 milhões de anos. Ambos os espécimes estavam quase completos, tinham tecidos moles extensos e foram descobertos na China: um na localidade de Mutoudeng e o outro em Daohugou.
Viu-se – através de técnicas de microscopia e espectrografia – que o seu revestimento era formado pelo menos por quatro tipos de penas diferentes, que também foram encontradas nos dinossauros.
Ambos os exemplares tinham um tipo de filamentos simples na cabeça, no pescoço, ombros, tronco, membros e cauda. Depois, existiam outros três tipos de filamentos com ramificações: os filamentos com feixes na extremidade, encontrados no pescoço ou nas zonas perto da cauda de um dos espécimes; filamentos com tufos a meio, descobertos na cabeça de um exemplar; e penugem, presente na membrana das asas dos dois.
Maria McNamara, da Universidade College de Cork, referiu que se viu que os pterossauros tinham melanossomas, organelos de cor que estão no interior da estrutura das penas e do cabelo das aves modernas e mamíferos, que armazenam pigmentos de melanina e são responsáveis pelos tons de negro, cinzento, laranja e castanho. A cientista afirmou que estes melanossomas “podem ter dado às asas com penugem uma cor arruivada.”
A equipa concluiu que dois grandes grupos de dinossauros (os terópodes, que incluem os antepassados das aves, e os ornitísquios, que eram herbívoros), também possuíam esses tipos de penas. Verificou-se que as aves modernas – que têm penas com um eixo e barbas dos dois lados só encontradas nos terópodes –, também possuem filamentos simples e penugem como os pterossauros e os dinossauros.
“Não conseguimos encontrar qualquer prova anatómica de que os quatro tipos de picnofibras dos pterossauros são diferentes das penas das aves e dos dinossauros”, refere Michael Benton, paleontólogo da Universidade de Bristol. “Portanto, se são iguais, devem partilhar uma origem evolutiva há 250 milhões de anos, muito antes do surgimento das aves.”
Baoyu Jiang sugere que houve um antepassado comum entre os dinossauros e os pterossauros que fez com que tivessem estes tipos de penas: o arcossauro (do grupo arcossauria, que inclui crocodilos e aves). Desta forma, a origem das penas recua 70 milhões de anos, passando de 180 milhões para 250 milhões de anos.
ZAP // SciNews