Psiquiatras escolheram os filmes que melhor retratam um psicopata

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Universal Pictures

Anthony Perkins em “Psycho” (1960), de Alfred Hitchcock

Muito do que aprendemos sobre psicopatas é através do cinema — apesar de eles constituírem cerca de 4,5% da população em geral.

De acordo com a IFL Science, o número de psicopatas na população sobre para algures entre 10% e 35% no caso de, na contagem, se incluir quem está preso.

Se os filmes que representam os psicopatas moldam a visão que as pessoas têm deles como um todo, as representações podem não ser assim tão precisas como vemos no ecrã.

Um grupo de psiquiatras passou três anos a ver 400 filmes com personagens que poderiam ser descritas como psicopatas, segundo os cinéfilos, para determinar qual deles mostra com precisão a condição clínica da psicopatia.

A lista conta com 105 psicopatas masculinos e 21 femininos, todos retratados em filmes, desde 1915.

A equipa de 10 cientistas forenses e críticos de cinema decidiram escolher quem poderia ser realmente diagnosticado como psicopata.

Os investigadores encontraram alguns retratos de psicopatia convincentes, que poderiam ser utilizados para “ensinar e ilustrar vários aspetos da psiquiatria forense”. Estes, porém, estavam em minoria.

“Alguns dos psicopatas mais famosos dos filmes não são psicopatas, mas psicóticos”, escreveu a equipa no estudo publicado no Journal of Forensic Sciences.

“Exemplos bem conhecidos destes são encontrados nos filmes “Psycho” (Norman Bates) e “Taxi Driver” (Travis Bickel). Estas personagens estão, de formas variadas, desligadas da realidade e sofrem de ideação ilusória”.

Um dos melhores retratos de psicopatas, de acordo com a equipa, foi Anton Chigurh, o antagonista do “No Country for Old Men” dos irmãos Coen.

Anton Chigurh é um psicopata bem concebido“, escreveu a equipa no estudo. “Faltam-nos informações sobre a sua infância, mas existem argumentos suficientes e informações detalhadas sobre o seu comportamento no filme para obter um diagnóstico de psicopatia ativa, primária e idiopática”, explicam.

A personagem apresenta “incapacidade de amar, ausência de vergonha ou remorso, falta de perceção psicológica, incapacidade de aprender com a experiência passada, atitude de sangue frio, crueldade, determinação total, e falta de empatia“, referem.

De facto, “ele parece ser efetivamente invulnerável e resistente a qualquer forma de emoção ou humanidade”, conclui a equipa.

Outros bons retratos de psicopatas foram Henry, de “Henry: Portrait of a Serial Killer”, ele próprio inspirado pelo assassino em série da vida real, Henry Lee Lucas.

“Neste filme, o tema principal e o mais interessante é o caos e a instabilidade na vida do psicopata, a falta de discernimento de Henry, uma poderosa falta de empatia, pobreza emocional, e uma bem ilustrada incapacidade de planear com antecedência”, sublinham os investigadores.

Alguns dos mais famosos psicopatas cinematográficos não vão ao encontro do que os psiquiatras observam na vida real.

Hannibal Lecter, um exemplo conhecido e “caricaturado” de um psicopata, é descrito como tendo “muitas características pessoais que geralmente não são encontradas na prática clínica diária”.

A equipa acredita que, embora muitas representações de psicopatas não fossem de encontro às descrições clínicas da condição, os filmes que mostram psicopatas podem ser úteis para a sociedade.

“De facto, algumas destas personagens fictícias podem ser consideradas valiosas para ensinar e ilustrar vários aspetos da psiquiatria forense, tais como distúrbios de personalidade, parafilia, retratos do sistema legal, comportamentos de advogados, e procedimentos de tribunal”, nota a equipa.

“Estas personagens, que refletem parte nossa sociedade, são muito importantes para o próprio cinema e a arte em geral, mas sobretudo para as futuras gerações de psicólogos forenses e psiquiatras, como material pedagógico”, conclui o estudo.

ZAP //

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2 Comments

  1. Boa noite. Queria saber se, nas frases onde vós aplicais “de encontro a…” não querieis dizer “ao encontro…” Percebeis a diferença, certo? Agradecido pela atenção.
    N.B. não sou linguista nem picuinhas com determinados aspectos da nossa língua portuguesa mas, gosto de contribuir quando diferenças como a supracitada são consideráveis para uma melhor compreensão do texto

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