Proibir a venda de tabaco a pessoas nascidas entre 2006 e 2010 poderia evitar cerca de 1,2 milhões de mortes por cancro do pulmão até ao final do século.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o tabagismo é responsável por cerca de 85% dos casos de cancro do pulmão — o mais mortal do mundo.
Se os hábitos se mantiverem, haverá cerca de três milhões de mortes por cancro do pulmão entre as pessoas nascidas de 2006 a 2010, segundo o novo estudo da Agência Internacional de Investigação do Cancro (IARC) da OMS.
Mas, se a venda de tabaco fosse proibida para estes 650 milhões de pessoas, cerca de 1,2 milhões de mortes poderiam ser evitadas até 2095 — é o que diz o estudo publicado na The Lancet Public Health.
Este estudo — um dos primeiros destinados a avaliar o impacto de uma geração sem tabaco — baseou-se em dados sobre casos de cancro e mortes de 185 países.
Mais de 45% das mortes por cancro do pulmão entre homens em todo o mundo poderiam ser evitadas e quase 31% entre as mulheres.
“Esta diferença está relacionada com o marketing da indústria do tabaco orientado para o género ao longo das últimas décadas”, afirmou Isabelle Soerjomataram, investigadora do IARC e coautora do estudo.
Segundo o Science Alert, em algumas regiões, nomeadamente América do Norte e partes da Europa, Austrália e Nova Zelânida, o fim da venda de tabaco poderia evitar mais mortes entre mulheres do que entre homens.
O maior número de vidas (78%) poderia ser salvo entre as mulheres na Europa Ocidental, enquanto a taxa mais elevada para os homens era de quase 75% na Europa Central e Oriental.
O estudo adverte que “as mortes que estimamos não poderem ser evitadas podem dever-se a outros fatores de risco associados ao cancro do pulmão”, como a poluição do ar ou a exposição ao fumo passivo.
As iniciativas da geração livre de tabaco já foram implementadas em alguns países, tais como a Nova Zelândia e partes da Austrália e os Estados Unidos da América.
Em 2022, a Nova Zelândia tornou-se o primeiro país a proibir a venda de cigarros a pessoas nascidas depois de 2008. No entanto, no final do ano passado, no novo Governo anunciou que tencionava eliminar a medida.
Por sua vez, o novo Governo do Reino Unido tem apoiado o plano do antigo Primeiro-Ministro, Rishi Sunak, de proibir a venda de cigarros a todos os nascidos depois de janeiro de 2009.
Os autores do estudo da IARC sublinharam, no entanto, que as políticas de geração livre de tabaco não eram suficientes para combater o flagelo do tabaco para a saúde, em especial para os atuais fumadores.
Apelam a medidas comprovadas, como o aumento dos impostos sobre os cigarros e a criação de ambientes sem fumo, bem como o apoio aos esforços para deixar de fumar.