Professores. Ministro da Educação está “a fazer contas”

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Mário Cruz / Lusa

O ministro da Educação, João Costa

Estudos, contas e depois propostas, comentou o ministro João Costa.

O ministro da Educação, João Costa, afirmou este domingo que estão a ser feitos estudos e contas para avaliar em que termos o tempo de serviço congelado aos professores pode ser recuperado, para que possam ser apresentadas propostas.

Estamos a fazer contas, estudos de comparabilidade com outras carreiras, estudos de projecção sobre o impacto em números de professores para depois apresentarmos propostas e podermos dizer até onde podemos ir”, disse, em entrevista conjunta à rádio TSF e ao jornal JN.

Os professores, que têm feito greve e saído à rua em protesto, o último destes neste sábado, não abdicam dos cerca de seis anos e meio de serviço congelados, lembrando que o Governo “devolveu” esse tempo aos docentes que trabalham nas escolas dos Açores e da Madeira.

Enquanto a tutela não avançar com uma proposta de calendarização para debater o assunto, os professores vão continuar em protesto, participando em novas manifestações e greves.

Na quinta-feira, as negociações entre Governo e sindicatos dos professores terminaram sem acordo. Um dos motivos que tem levado os sindicatos a recusarem qualquer acordo é a rejeição do Governo em recuperar o tempo de serviço congelado durante a troika.

Ainda assim, as organizações sindicais vão aguardar o diploma final do Ministério da Educação, que deverá ser enviado até quarta-feira, para decidirem, até quinta-feira, se pedem ou não a negociação suplementar.

“O que temos de garantir é que o que se faz numa carreira não é desproporcional face ao que acontece com outras e, por isso, temos que fazer esta análise comparada, porque todas as carreiras são igualmente dignas e todas as carreiras são igualmente merecedoras de intervenção”, sustentou João Costa, na entrevista à TSF e ao JN, assinalando que a prioridade das negociações com os professores foi a revisão do modelo de recrutamento.

João Costa afirmou que é “o primeiro a reconhecer a legitimidade da vontade dos professores” e que as questões de sustentação financeira é que condicionam as propostas de descongelamento. “Tudo isto é sempre feito com a garantia de que podemos dar estes passos. Seria muito fácil dizer ‘agora vamos fazer isso’, e daqui a quatro anos tínhamos novamente situações de congelamento e novos estrangulamentos na carreira”.

Questionado sobre a falta de atractividade da carreira, o ministro disse vai existir “número sem precedente de vinculações” e que em todas as carreiras gerais e especiais existem “sistemas de avaliação e existem quotas nos vários escalões”.

“No caso concreto dos professores, o efeito das quotas em termos de progressão aplica-se apenas em dois escalões. Há carreiras que têm categorias e o garrote aplica-se no acesso a categorias, há carreiras em que as quotas se aplicam em todos os escalões. Desde que descongelámos as carreiras, mais de 90% dos professores já progrediram dois escalões. Passámos de 7 professores no topo da carreira para quase 17 mil professores no topo da carreira. Portanto, esta carreira não está parada, está a progredir. “.

Numa entrevista a 16 de Fevereiro à televisão TVI, o primeiro-ministro, António Costa, frisou que “não há condições” para devolver o tempo de serviço aos professores, invocando que tal “significaria 1,3 milhões de euros de despesa permanente todos os anos”.

// Lusa

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9 Comments

  1. Só agora, depois de tanto tempo de contestação e negociação (ou tentativa) é que o ministério está a fazer contas?! O que têm andado a fazer durante todo este tempo?

  2. Seria bom que o governo começasse também a fazer contas relativamente à forma como poderá compensar os trabalhadores do privado no caso de recuperar o tempo de contagem dos professores e consequentemente de todos os funcionários públicos. Afinal, os trabalhadores do privado já trabalham mais horas por semana e não poderão ser duplamente prejudicados, ao terem agora de fazer um esforço acrescido para pagar através de mais impostos estes aumentos salariais.

    • Infelizmente ninguém vê as coisas por este prisma. Só pensam neles e não pensam nos outros. Já têm salários mais altos do que no privado, trabalham menos horas, têm segurança no trabalho. Não se pode aceitar esta dicotomia!

      • Há quase 30 anos tirei a licenciatura, com formação específica para ensino… Seguiu-se um ano de estágio. Dois anos depois iniciei mestrado pré Bolonha concluído 3 anos depois.
        Tive horários incompletos e longe de casa… mal dava para as despesas… Entretanto fiz uma especialização. Entrei no quadro 20 anos depois e tenho 1400€ líquidos de ordenado e, garanto, trabalho bem mais de 40 horas por semana.
        Como eu, muitos… O ensino é o futuro de um país. Se não merece consideração e investimento esse futuro fica comprometido.

        • Está melhor do que eu. Tirei licenciatura, 3 pós-graduações, o mestrado, um MBA, tive também um ano de estágio, trabalho há 24 anos, mais de 60 horas por semana e ganho praticamente o mesmo do amigo. E neste período já fiquei sem trabalho em dois momentos por motivos de reestruturação das empresas em que trabalhava.

    • Em Portugal temos dois países. Uns trabalham apenas 35 horas, têm melhores salários e segurança no emprego e os outros pagam isso tudo.

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