Um novo estudo, que analisou o leite materno de mulheres americanas quanto à contaminação por PFAS, detetou o produto químico tóxico em todas as 50 amostras testadas, e em níveis quase 2.000 vezes mais altos do que o que é recomendado por alguns especialistas.
As descobertas “são motivo de preocupação” e destacam uma ameaça potencial à saúde dos recém-nascidos, afirmam os autores do estudo.
“O estudo mostra que a contaminação do leite materno por PFAS é provavelmente universal nos Estados Unidos e que esses produtos químicos prejudiciais estão a contaminar o que deveria ser o alimento perfeito da natureza”, refere Erika Schreder, co-autora do estudo.
As substâncias de polifluoroalquilo, são uma classe de cerca de 9.000 compostos que são usados para fazer produtos como embalagens de alimentos, roupas e carpetes resistentes à água e manchas. São também conhecidos por serem “substâncias químicas eternas”, porque não se decompõem naturalmente.
Os PFAS estão ligados a doenças como cancro, defeitos congénitos, doenças do fígado, doenças da tiroide, espermatozóides em queda e uma série de outros problemas de saúde graves, recorda o The Guardian.
O estudo revisado por pares, publicado no jornal Environmental Science and Technology, encontrou PFAS no leite em níveis bastante altos.
Atualmente, não há padrões para PFAS no leite materno, mas a organização de defesa da saúde pública Environmental Working Group coloca a sua meta na mesma que é estabelecida para a água potável.
Embora os investigadores estejam preocupados com as descobertas, os recém-nascidos são seres bastante difíceis de estudar, como tal não houve uma análise completa de como o PFAS os pode afetar, explicou Sheela Sathyanarayana, co-autora do estudo e pediatra da Universidade de Washington.
No entanto, a especialista acrescentou que estudos com adultos e crianças mais velhas mostraram uma ligação entre os produtos químicos e os distúrbios hormonais, sugerindo que os PFAS prejudicam o sistema imunológico, o que pode ser especialmente problemático para os bebés.
Apesar de o estudo ter verificado um tamanho de amostra relativamente pequena, percebeu-se que a contaminação afetou agrupamentos socioeconómicos e geográficos, o que é “o que torna a questão tão difícil num nível individual”, referiu Sathyanarayana.
A pesquisa também vai contra a alegação da indústria química de que a sua nova geração de PFAS, que ainda está em uso, não se acumula em humanos.
As evidências sugerem ainda que o problema só tem tendência a piorar.
Assim, os autores aconselham algumas medidas a mulheres grávidas de modo a que se possam proteger, tal como aos seus bebés.
Evitar embalagens de alimentos à prova de gordura, protetores de manchas, roupas impermeáveis, produtos de cozinha com Teflon ou propriedades antiaderentes semelhantes, são algumas das recomendações, embora os fabricantes muitas das vezes não divulguem o uso de produtos químicos.