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“Porque nunca jogo no Euromilhões? Porque é mais provável ter quadrigémeos”

A velha questão das probabilidades: pares, ímpares, repetidos, Fibonacci. Se estiver interessado em padrões… esqueça.

Os milhões são sempre assunto do dia. Ou, pelo menos, são assunto duas vezes por semana: quando se joga no Euromilhões, ou no Totoloto.

Há quem tenha vencido um prémio de 1.35 mil milhões de euros (quanto dinheiro é isso…?) há apenas quatro dias. Não cá, mas nos EUA.

Mas também há quem prefira nunca ter vencido um prémio do Euromilhões.

No meio dos artigos novos, há uma conversa velha: a questão das probabilidades.

Na rádio Observador o professor de Física, Carlos Fiolhais, explicou porque nunca joga no Euromilhões: “A probabilidade de ganhar é mesmo muito pequena”.

Vamos aos números. É preciso acertar em sete bolas. As cinco primeiras, os números, vão do 1 até ao 50. As duas últimas, as estrelas, são do 1 até ao 12.

Quais são as hipóteses matemáticas de acertar em todas? 1 sobre quase 140 milhões. Porque há quase 140 milhões de combinações possíveis.

E se estiver interessado em padrões… esqueça. “Todas as combinações têm igual probabilidade de saírem. Porque ali não há batotas. Não há, nem pode haver. Todas elas valem o mesmo. E até pode sair a combinação 1-2-3-4-5 + 6-7”.

Claro que é muito mais provável acertar num número e em duas estrelas. A probabilidade aumenta muito – e o prémio diminui muito.

Muitos apostadores baseiam-se na questão da repetição. Ou seja, os números que saíram na extracção anterior, pensam, não vão voltar a sair. Errado: “Ai já saiu este? Pode voltar a sair. Aquilo não tem memória!”.

Carlos Fiolhais deu um exemplo de um jogo – não do Euromilhões – que aconteceu no Casino Monte Carlo. Naqueles jogos em que só sai uma bola vermelha ou preta, a bola preta saiu em 26 jogadas seguidas.

“Há números que saem mais frequentemente, mas isso não quer dizer nada. Este e aquele números saíram mais vezes. E daí?”, questionou.

Além disso, o professor lembrou outro aspecto: se os apostadores olham para a lista dos números que já saíram mais vezes, e se apostam mais nesses números, haverá mais pessoas a apostar nesses números e, por isso, cada uma delas vai receber menos dinheiro – se, por acaso, acertarem.

Há mais chaves que misturam pares e ímpares do que chaves em que só saem pares ou só saírem ímpares. Mas, mesmo assim, não há fórmulas neste caso.

Alguns apostadores olham muito para a Matemática: apostam só em números primos, ou nos números da sequência de Fibonacci. Fiolhais duvida desses métodos: “Números primos são um padrão improvável, por exemplo”.

“Há padrões mais prováveis ou menos prováveis, mas qualquer combinação tem a mesma probabilidade de ganhar”, repetiu.

O professor de Física apontou dois erros. Um deles é frequente: apostar com os números da data de aniversário. Porque ficamos restringidos – não há dias do mês maiores do que 31, não há meses acima do 12. E, mesmo no ano, é preciso ter nascido antes de 1951 para incluir o ano.

O segundo erro ficou comprovado por um estudo: muitas pessoas deixaram de apostar no 19 por causa da COVID: “As pessoas estavam fartas de ouvir 19!”.

Após tantas contas: “É mais provável eu ser apanhado por um furacão, ou por um raio de trovoada, do que ganhar o primeiro prémio do Euromilhões. É mais provável eu ter quadrigémeos. É mais provável um jovem morrer ao fim de meia hora”.

Por isso, o que resta é “confiar na sorte”, finalizou o especialista, que no entanto lembrou que jogos como o Euromilhões serão sempre, sobretudo, “um negócio para quem organiza”.

“E a banca ganha sempre”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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