“Governo sombra”. O primeiro-ministro que acumulou cargos no governo em segredo

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Scott Morrison (ScoMo) / Facebook

Scott Morrison, primeiro-ministro da Austrália

Scott Morrison, ex-primeiro-ministro da Austrália

O ex-primeiro-ministro australiano Scott Morrison assumiu, em segredo, outros cinco cargos ministeriais durante a pandemia da covid-19, em alguns casos sem informar os titulares dessas pastas.

Segundo avançou o Diário de Notícias, na quarta-feira Morrison defendeu-se dos que o acusam de ter criado um “governo sombra” dentro do seu Executivo e de ter tido um comportamento “ditatorial”.

Membros do Partido Liberal e do seu parceiro de coligação, o Partido Nacional, estão a pressionar para que Morrison deixe o cargo de deputado. Este abdicou a liderança do partido após perder as eleições de maio. Pode também ser alvo de uma moção de censura em setembro, após as férias parlamentares.

A conduta de Morrison foi revelada no livro “Plagued”, escrito pelos jornalistas do Australian Simon Benson e Geoff Chambers.

Morrison, que questionou o então procurador-geral sobre a sua atuação, começou por se autonomear ministro da Saúde a 14 de março de 2020, ocupando o cargo com Greg Hunt, que terá concordado. Já o ministro das Finanças, Mathias Cormann, não foi informado quando o ex-primeiro-ministro assumiu a sua pasta, 15 dias depois.

Em abril de 2021, Morrison assumiu a pasta da Indústria, Ciência, Energia e Recursos, com o ministro Keith Pitt a saber algum tempo antes, bloqueando um projeto de exploração de gás natural offshore ao largo de Sydney que já tinha aprovado. Em maio, tornou-se ministro do Tesouro, sem avisar Josh Frydenberg, e do Interior, com Karen Andrews a ser uma das que exige a sua demissão.

De acordo com o Diário de Notícias, a posse lhe foi dada pelo governador-geral David Hurley (o representante da rainha Isabel II), que alegou que pensava que a situação seria tornada pública e que o papel de informar não lhe cabia a ele. Morrison não recebeu mais dinheiro pelos cargos extra que teve.

Morrison alegou ter “atuado em nome do interesse nacional numa crise” e que os poderes “foram colocados lá como uma salvaguarda do género “quebrar o vidro em caso de emergência” e que, felizmente, não [precisaram] de quebrar o vidro”.

“Eu estava a pilotar o navio no meio da tempestade”, enquanto eles “estão na praia depois” de ela passar, apontou, indicando que não tornou pública a situação porque “os poderes podiam ser mal interpretados e mal compreendidos, o que teria causado angústia desnecessária no meio de uma pandemia”.

O atual primeiro-ministro, Anthony Albanese, pediu ao procurador-geral que investigue o caso, acusando o antecessor de liderar “um governo sombra”, considerando que se trata de “uma destruição sem precedentes da democracia” australiana.

ZAP //

1 Comment

  1. Este é condenado em praça pública, por enquanto, por trabalhar de mais, dispensando os seus “ajudantes”…
    Mas por que é que não convidou um tal Figueiredo português que naquela data poderia ter estado disponível para o assessorar?

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