O primeiro-ministro, António Costa, anunciou esta segunda-feira a abertura de um inquérito para apurar o que correu mal com o início do combate ao incêndio em São Pedro do Sul, na sequência das críticas do presidente da câmara local.
O anúncio foi feito por António Costa no final de uma reunião no quartel dos Bombeiros de Arouca com presidentes de câmara de municípios dos distritos de Aveiro e Viseu, que foram mais atingidos pelos incêndios na última semana.
“O presidente da câmara colocou uma questão que felizmente não tinha sido levantada ainda até agora e a ministra da Administração Interna abriu um inquérito, tendo em vista o esclarecimento do que ocorreu com o início do combate ao incêndio em São Pedro do Sul”, disse António Costa.
O primeiro-ministro vincou que, até agora, só houve “uma queixa fundamentada e sustentada”, adiantando que todos os presidentes de câmara presentes na reunião mostraram “grande satisfação pela forma ordenada, coordenada e efetiva como foram ativados os meios de resposta”.
“A exceção, até agora, felizmente é só o caso de São Pedro do Sul e tem de ser feito o inquérito para apurar o que aconteceu”, concluiu.
O primeiro-ministro sublinhou ainda que o país viveu uma “situação extraordinária” ao longo da última semana, “com grande concentração de incêndios” e “uma grande simultaneidade em pontos diversos do pais”, o que implicou “levar o dispositivo ao limite dos limites da sua capacidade de resposta”.
Pode ter ardido um terço ou quarto do concelho
O presidente da Câmara de S. Pedro do Sul, Vítor Figueiredo, estima que possa já ter ardido “um terço ou um quarto” da área do seu concelho, devido ao incêndio que começou em Arouca.
“O concelho de S. Pedro do Sul tem 250 quilómetros quadrados. A área ardida é muito grande, provavelmente equiparada a um terço ou um quarto de todo o nosso concelho”, afirmou aos jornalistas, ao final da tarde.
Este sábado, Vítor Figueiredo lamentou a falta de meios para combater as chamas, sublinhando que quando o incêndio deflagrou apenas puderam contar com “a prata da casa”.
“Os primeiros quatro dias foram muito maus, porque não tivemos qualquer tipo de apoio“, lamentou o autarca, considerando que estas situações “não podem voltar a acontecer”.
“O fogo já aqui anda desde segunda-feira. Tínhamos uma frente quase com 16 quilómetros e apenas cerca de 30 ou 40 voluntários para combater todo este fogo. Nunca tivemos apoio das entidades oficiais. O fogo foi progredindo e atingimos um ponto em que a situação foi catastrófica”, disse, na altura, o autarca.
Abertura de inquérito é uma “extraordinária decisão”
O comandante operacional nacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil, ANPC. defendeu que a abertura de um inquérito ao combate às chamas em São Pedro do Sul, foi uma “extraordinária decisão”.
“Acho que a abertura do inquérito foi uma extraordinária decisão, porque vai permitir mostrar a excelência do trabalho que o combate realizou nesse incêndio”, defendeu José Manuel Moura, em declarações aos jornalistas.
Questionado sobre se concordava ou não com as críticas feitas pelo autarca, que lamentou a falta de meios e denunciou o facto de o início de o combate às chamas ter sido feito apenas com “a prata da casa”, José Manuel Moura disse que espera “que o inquérito mostre as responsabilidades de todos os intervenientes”.
“Tudo o que foi feito foi tudo muito bem feito, e o inquérito vai demonstrar isso”, defendeu.
ZAP / Lusa / Bom Dia