Uma equipa internacional de cientistas revelou o primeiro crânio parcial de uma criança Homo naledi, encontrado numa passagem extremamente remota do sistema de cavernas Rising Star em Joanesburgo, na África do Sul.
Segundo o site EurekAlert!, os 28 fragmentos do crânio e os seis dentes (não foram encontrados outros ossos da criança no local) estavam a cerca de 12 metros da Câmara Dinaledi, também no sistema de cavernas Rising Star, onde foram descobertos os primeiros restos mortais da espécie Homo naledi, revelados ao mundo em 2015.
“Este é o primeiro crânio parcial de uma criança Homo naledi já recuperado e isto começa a dar-nos uma perceção de todas as etapas de vida desta espécie notável”, disse Juliet Brophy, professora das Universidades de Witwatersrand e do Louisiana, que liderou o estudo sobre o crânio publicado, a 5 de novembro, na revista científica PaleoAnthropology.
A equipa reconstruiu o crânio da criança, a que chamaram “Leti” (derivada da palavra tswana que significa “a perdida”), tendo estimado que o seu cérebro teria cerca de 480 a 610 centímetros cúbicos.
“Isso teria sido cerca de 90% a 95% da capacidade do cérebro adulto. O tamanho do cérebro de Leti torna-o muito comparável aos dos membros adultos desta espécie já encontrados”, acrescentou Debra Bolter, co-autora do artigo e especialista em crescimento e desenvolvimento.
Os cientistas ainda não conseguiram estabelecer qual a idade dos restos mortais da criança, no entanto, como foram encontrados perto de outros fósseis descobertos na Câmara Dinaledi, parte da equipa geológica acredita ser provável que seja do mesmo período, ou seja, entre há 335 e 241 mil anos.
Os restos mortais de Leti foram descobertos numa passagem estreita, que mede apenas 15 centímetros de largura e 80 de comprimento, e foi localizada logo depois de uma área conhecida como “Câmara do Caos”.
“A área onde foi encontrada faz parte de uma teia de aranha de passagens estreitas“, disse Maropeng Ramalepa, membro da equipa de exploração responsável por trazer os seus restos mortais à superfície.
“Foi muito difícil. Foi um dos locais mais desafiantes a que tivemos de chegar no sistema de cavernas Rising Star”, destacou também Marina Elliott, que liderou um outro estudo, publicado no mesmo dia e na mesma revista científica, sobre o contexto e as circunstâncias em que o crânio parcial foi encontrado.
“A descoberta de um único crânio de uma criança, num local tão remoto deste sistema de cavernas, acrescenta mais mistério sobre como é que estes muitos restos mortais vieram parar a estes espaços remotos e escuros. É apenas mais um enigma entre muitos outros que cercam este nosso fascinante parente humano”, concluiu Lee Berger, professor da Universidade de Witwatersrand que liderou as investigações.