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Pela primeira vez, astrónomos viram a silhueta de uma estrela dilacerada por um buraco negro

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NASA / CXC / M. Weiss

Pela primeira vez, uma equipa de astrónomos observou linhas de absorção espectrais causadas por fios de uma “estrela esparguetificada”.

Durante várias décadas, os astrónomos observaram explosões de radiação eletromagnética proveniente de buracos negros e presumiram que eram o resultado de estrelas a ser dilaceradas. Contudo, nunca tinham visto a silhueta dos verdadeiros ligamentos materiais.

Agora, uma equipa de investigadores, liderada por Giacomo Cannizzaro e Peter Jonker do Netherlands Institute for Space Research (SRON) e da Radboud University, observou pela primeira vez linhas de absorção espectrais causadas por fios de uma estrela a passar pelo processo de esparguetificação.

A maioria das estrelas no Universo morre de causas naturais. Estes corpos fazem explodir as suas camadas externas, simplesmente arrefecem devido à falta de combustível ou podem mesmo explodir numa supernova gigante.

Porém, as estrelas que vivem na região interna da sua galáxia podem não ter tanta sorte, uma vez que correm o risco de serem dilaceradas em filamentos finos pelo buraco negro supermassivo que se esconde no centro da maioria das galáxias.

A extrema gravidade do buraco negro puxa com muito mais força um lado da estrela do que o outro, estilhaçando-a.

A isto, os astrónomos chamam de processo de esparguetificação, mas o termo oficial é evento de perturbação de marés.

Depois de uma estrela se transformar num fio de esparguete, continua a cair ainda mais no buraco negro, emitindo uma pequena explosão de radiação. Esta explosão tem sido observada há várias décadas pelos cientistas que, com base na teoria, presumiram que estavam a ver eventos de interrupção da maré.

Agora, esta equipa internacional de astrónomos observou pela primeira vez linhas de absorção espectral, enquanto olhava para um dos polos de um buraco negro.

Era já evidente que os buracos negros podem ter um disco de material agregado ao redor do seu equador, mas as linhas de absorção acima do polo de um buraco negro sugerem que há, muitas vezes, uma longa fita enrolada ao redor do buraco negro, como uma bola de lã: o ligamento material de uma estrela recém-rasgada.

Os investigadores sabem que o buraco negro está voltado para eles porque detetam raios-X. O disco de acreção é a única parte de um sistema de buraco negro que emite esse tipo de radiação. Se estivessem a olhar de lado, não veriam os raios-X do disco de acreção.

“Além disso, as linhas de absorção são estreitas”, disse Cannizzaro, em comunicado. “Não são ampliadas pelo efeito Doppler, como esperaria quando estivesse a olhar para um disco em rotação”.

Este estudo foi publicado em março na revista científica Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Maria Campos, ZAP //

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