Presidente do Comité Olímpico japonês demite-se devido a alegada corrupção

Kimimasa Mayama / EPA

Tsunekazu Takeda, presidente do Comité Olímpico do Japão

O presidente do Comité Olímpico japonês, Tsunekazu Takeda, declarou esta terça-feira que vai renunciar ao cargo no fim do mandato, em junho, devido às alegações de corrupção na candidatura bem-sucedida de Tóquio para sediar os Jogos Olimpícos de 2020.

Tsunekazu Takeda, de 71 anos, é um ex-atleta olímpico de hipismo, que competiu nos Jogos Olímpicos de 1972 e 1976, ocupando igualmente a presidência da Comissão de Marketing do Comité Olímpico Internacional (COI).

Embora afirme que está inocente e pretenda servir o resto de seu décimo mandato como presidente, vai deixar as funções em junho, demitindo-se também do COI, informou a NPR.

“Não acredito que tenha feito nada ilegal”, disse Tsunekazu Takeda, numa entrevista coletiva que ocorreu esta terça-feira, apontou a Reuters. Questionado sobre o facto de não se afastar agora, indicou que, apesar de lhe custar ter causado “tanto rebuliço”, acredita que é da sua responsabilidade cumprir o resto do mandato.

Tsunekazu Takeda foi presidente do comité de candidatura de Tóquio, que conquistou os Jogos de 2020 numa votação do COI, em 2013, superando Istambul (Turquia) e Madrid (Espanha), conquista que está agora sob investigação.

De acordo com o New York Times, promotores franceses envolvidos na investigação suspeitam que o comité de candidatura de Tóquio tenha paga a membros do comité olímpico africano para ganhar votos. A suspeita terá sido levantada devido a alegados pagamentos feitos em conexão com o processo de Papa Massata Diack, ex-representante de marketing da Associação Internacional de Federações de Atletismo.

Segundo o jornal norte-americano, as autoridades francesas já haviam tentado extraditar Papa Massata Diack do Senegal, acusado de ter ajudado a manipular a entrega dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. O mesmo declarou “que o racismo e o ciúme estão por trás dessas acusações”.

Em 2016, os promotores franceses revelaram que o comité de Tóquio havia feito pagamentos de mais de 2 milhões de dólares (cerca de 1,77 milhões de euros) à Black Tidings, uma empresa de Singapura dirigida por um amigo próximo de Papa Massata Diack.

No seguimento dessa revelação, as autoridades japonesas questionaram o Tsunekazu Takeda sobre os pagamentos, concluindo que eram destinados a trabalhos de consultoria. O Comité Olímpico Japonês mantém a afirmação de que eram legítimos.

Os Jogos Olímpicos de Tóquio começam em menos de 500 dias e o Japão está a gastar cerca de 25 mil milhões de dólares (aproximadamente 22 mil milhões de euros) na sua organização, observou a NPR.

“Quero afastar-me para dar espaço, para que a geração mais jovem se eleve e lidere o caminho”, afirmou Tsunekazu Takeda. “Em junho, vou deixar os cargos para que o torneio possa ser realizado em paz”, acrescentou.

Para o Japão, os jogos de 2020 são um emblema do ressurgimento do país, como relatou a NPR em 2013: “As autoridades de Tóquio também promoveram a candidatura da sua cidade como um novo capítulo para o Japão, que ainda se está a recuperar do tsunami e do terramoto que devastou partes do país, em 2011. Os organizadores planeiam ter portadores olímpicos [com tochas] a correr pelas áreas atingidas pelo tsunami”.

Em dezembro de 2018, o presidente do COI, Thomas Bach, elogiou Tóquio, indicando que não se lembrava de uma cidade-sede tão bem preparada para sediar os jogos. Mas essa preparação tem um preço: os jogos de Tóquio provavelmente custarão três vezes mais do que os organizadores previram em 2013.

Tsunekazu Takeda é um membro distante da família real japonesa, bisneto do imperador Meiji, que governou no final do século 19 e no início do século 20.

TP, ZAP //

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