O Presidente interino da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, renunciou este domingo ao cargo, alegando que os interesses dos guineenses são superiores aos seus.
A renuncia foi feita na casa de Cipriano, em Bissau, numa declaração aos jornalistas. Contudo, Cipriano Cassamá afirmou que vai voltar ao cargo de presidente do parlamento.
Depois de se autoproclamar presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló consolidou o seu poder com uma ofensiva militar que afetou diferentes órgãos de poder em Bissau. Militares a mando de Umaro Sissoco Embaló, autoproclamado presidente da Guiné-Bissau, invadiram o Parlamento e a câmara municipal de Bissau. Previa-se um assalto à casa de Aristides Gomes, o primeiro-ministro por si demitido.
A Guiné-Bissau vive um impasse político desde a segunda volta das eleições presidenciais, em dezembro, agravado nos últimos dias com a coexistência de dois chefes de Estado e dois primeiros-ministros.
Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor da segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau pela Comissão Nacional de Eleições, tomou posse simbolicamente como Presidente guineense na quinta-feira, numa altura em que o Supremo Tribunal de Justiça ainda analisa um recurso de contencioso eleitoral interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira, que alega a existência de graves irregularidades no processo.
O autoproclamado Presidente da República substituiu o primeiro-ministro Aristides Gomes, pelo ex-primeiro-vice-presidente do parlamento guineense, Nuno Gomes Nabian, que tomou posse numa cerimónia em Bissau na presença das chefias militares do país.
Também na sexta-feira, o presidente da Assembleia Nacional Popular, Cipriano Cassamá, tomou posse como Presidente da República interino, com base no artigo da Constituição que prevê que a segunda figura do Estado tome posse em caso de vacatura na chefia do Estado.
Todavia, no seguimento das ações militares, Embaló já garantiu que Nuno Nabian vai apresentar governo neste domingo e que todos os ministros por ele escolhidos tomarão posse na segunda-feira.
Após estas decisões, registaram-se movimentações militares, nomeadamente na rádio e na televisão públicas, de onde os funcionários foram retirados e cujas emissões foram suspensas.